quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Site da Deutsche Welle - Alemanha, destaca depoimento de Josmar Verillo da AMARRIBO Brasil no caso "Mensalão"

Prisão de "mensaleiros" é um marco e abre precedente, dizem analistas

Detenções mostram que político também pode ir para a cadeia e servem de alerta para governantes, legisladores e administradores públicos, opinam especialistas.
Oito anos depois da denúncia, o processo do mensalão começa a ter seu desfecho com as condenações e primeiras prisões dos envolvidos no esquema. Antes disso, poucos imaginavam que o processo, um dos mais emblemáticos da luta contra a corrupção no Brasil, pudesse terminar com políticos do alto escalão condenados e presos.
Para especialistas ouvidos pela DW Brasil, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) é também simbólica e, ao mesmo tempo, um marco na história do Judiciário. Ela abre precedentes num país onde a tradição era não prender políticos, principalmente do alto escalão, envolvidos em casos de corrupção.
"As condenações do mensalão vão gerar uma mudança cultural muito grande no país. Pela primeira vez na história o STF condena políticos de alto escalão e os manda para a prisão", diz Josmar Verillo, vice-presidente da Amarribo, braço brasileiro da ONG Transparência Internacional. "Essa decisão tem um efeito educativo muito grande, também de inibir a corrupção, e vai abrir um precedente muito grande."
O professor de comunicação política Roberto Gondo, da Universidade Mackenzie, diz que, com a condenação dos acusados, criou-se um novo momento paradigmático, que explicita que a prática ilícita de desvio de verbas e a má utilização de recursos públicos, bem como o tráfico de influência, são passíveis de punição, mesmo quando os acusados pertencem aos altos escalões da República.
Analistas dizem que a decisão dos ministros do STF vai gerar uma mudança cultural no país
"Dessa forma, é possível afirmar que o processo de julgamento do mensalão contribuiu positivamente para elevar a preocupação dos demais atores políticos com relação à sua atuação no poder público", afirma Gondo.
Ele diz, ainda, que a imagem do Poder Judiciário como instância legítima e idônea tende a aumentar depois das condenações. Mas o julgamento do mensalão ainda não é suficiente para fomentar por completo um sentimento de rigor no combate da corrupção no país, opina.
"É um processo lento e cultural, que deverá ser absorvido pela população, no sentido de acompanhar de modo mais rigoroso seus representantes e pressionar por intermédio dos meios disponíveis a apuração dos fatos e possíveis condenações", diz Gondo.

Um comentário:

Elvio disse...

Precisamos lutar incessantemente até quebrarmos a barreira do foro privilegiado dos parlamentares.
Todo esse processo, as condenações e prisões, eram ilusão até agora. Difícil acreditar que presenciamos o fato.
Uma simples reforma já bastaria para separar o joio do trigo:
- fim do voto obrigatório
- fim das doações de pessoa jurídica nas campanhas
- fim da reeleição no legislativo
- fim do foro privilegiado para o legislativo.
ADEUS CÂNCER LEGISLATIVO!