quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Envolvidos na morte do prefeito Chiquinho Campaner recebem sentença de 30 anos e 8 meses de prisão

 Após dois dias de julgamento do caso que chocou a população de Ribeirão Bonito, os envolvidos na morte do prefeito Francisco José Campaner(Chiquinho) foram sentenciados pelo juiz Victor Trevizan Cove com 30 anos, 8 meses e 24 dias de prisão.

Chiquinho Campaner

O empresário Manuel Bento Ribeiro Santana da Cruz e o vigilante Cícero Alves Peixoto devem cumprir a penas inicialmente em regime fechado. Após dois dias de julgamento do caso que chocou a população de Ribeirão Bonito, os envolvidos na morte do prefeito Francisco José Campaner(Chiquinho) foram sentenciados com 30 anos, 8 meses e 24 dias de prisão.O empresário Manuel Bento Ribeiro Santana da Cruz e o vigilante Cícero Alves Peixoto devem cumprir a penas inicialmente em regime fechado.

Progressão de Regime - Atualmente no nosso ordenamento jurídico todas as penas estão sujeitas a progressão de regime. Fechado - semiaberto – aberto.  Para isso, necessário no caso concreto estarem presentes os requisitos objetivos e subjetivos. Requisito objetivo: tempo de cumprimento (maior para os crimes hediondos como no caso deles) .Requisito subjetivo: mérito - bom comportamento.

A Operação da Polícia Civil(matéria veiculada no dia 30/01/2019)

A operação bem sucedida na elucidação do crime, foi creditada aos policiais civis de Ribeirão Bonito e aos policiais da DIG de São Carlos. Em São Paulo puderam contar com o apoio do DHPP. O trabalho de inteligência da Polícia Civil foi coroado de êxito funcionando com eficiência e profissionalismo. A rapidez nesse caso, rendeu homenagens do governo do Estado aos policias que participaram da investigação.
 Policiais Civis de Ribeirão Bonito: Da esquerda para direita: Givan Alves da Silva Lima, Fábio Adercio Santos, Marcilene do Prado Tanganini, delegado Reinaldo Lopes Machado, Andrea Alessandra Moretti Garcia, Aparecido Donizete Galhardo e Igor Rodrigo Gonzaga Serrano (fotos: Ronco)
Policiais Civis da DIG de São Carlos: da esquerda para direita: Samuel,Donizete, delegado Geraldo Souza Filho, Reginaldo, Roney e Lucas Claro (foto: Divulgação)

Detalhes de uma operação de sucesso
No dia 26 de dezembro de 2019, o prefeito Chiquinho Campaner, o chefe de gabinete Edmo Gonçalo Marchetti e o comerciante Ary Santarosa se dirigiram a uma chácara que fica localizada próximo ao acesso de entrada da cidade. Durante as oitivas, ficou claro que a decisão de visitar a tal chácara foi de última hora e não agendado com antecedência. Dessa forma descartou-se  a possibilidade de planejamento do assassinato do prefeito naquele local.

A partir dessa ocorrência, a polícia passou a investigar o caso. A primeira providência  da polícia foi o de solicitar câmeras de segurança de residências e do comércio, nos arredores do local do crime  para verificar se havia registros de veículos perseguindo o carro oficial durante o trajeto feito pelo prefeito Campaner.

Com vasto material de vídeo em mãos, foi possível acompanhar o percurso percorrido pelo prefeito, que dirigia o veículo. Campaner e os dois outros ocupantes deixaram  a prefeitura em direção à chácara. Foi possível constatar que um automóvel Honda Fit preto seguia o carro oficial. Em uma elas, ficou visível a numeração da placa e um detalhe que chamou a atenção dos policiais, um colante afixado no vidro traseiro que mais tarde ajudou a reconhecer o veículo.

 O próximo passo foi acessar o site do DETRAN e com a numeração da placa, constatar que se travava de automóvel devidamente registrado e mais, a foto da última vistoria realizada em São Paulo mostrava exatamente o adesivo no vidro traseiro.

No rastro do veículo e seu proprietário
Com os dados do veículo, uma equipe da DIG de São Carlos, sob o comando do delegado Geraldo Souza Filho, se dirigiu a São Paulo e lá, contando com o apoio do DHPP foi possível identificar o endereço do proprietário do Honda Fit. Ao chegar na residência do proprietário e questionado se havia estado em Ribeirão Bonito, o mesmo apresentou aos policiais um contrato de compra e venda de veículo atestando ter vendido o automóvel para terceiro.

 Com essa informação, os policias se deslocaram para o endereço informado do comprador do Honda Fit. Ao chegar na casa do novo proprietário, o mesmo afirmou que o veículo era de sua propriedade, porém disse que havia emprestado  ao seu tio de nome Cícero, fornecendo o endereço do tio.

A Prisão do primeiro suspeito, o Cícero
Em nova diligência no bairro de Capão Bonito, os policiais chegaram até a residência de Cícero.  Sempre em comunicação com a equipe da DIG, o delegado Reinaldo Machado acompanhava em Ribeirão Bonito o desenrolar das investigações dando suporte ao grupo que estava em São Paulo, fornecendo detalhes dos antecedentes dos investigados.  Reinaldo Machado constatou que havia registros de Cícero com passagem pela polícia. Mais que depressa, o delegado titular de Ribeirão Bonito solicitou ao juiz de plantão de São Carlos, a prisão temporária de Cícero, uma vez que na comarca, o fórum estava em recesso judiciário. O magistrado de São Carlos deferiu o pedido e, Cicero foi detido pelo grupo da DIG. A princípio Cícero disse ter estado em Ribeirão Bonito, porém negou qualquer participação no crime que vitimou Chiquinho Campaner. A história contada por Cícero para justificar sua presença na cidade,  segundo o delegado Lopes Machado, era algo sem começo, meio e fim.

No dia seguinte a prisão, Cícero mudou de ideia e manifestou o desejo de colaborar com a investigação. Policiais  o levaram a DIG, já sendo assistido e acompanhado por sua advogada Fabiana Carlino Luchesi

Nessa conversa, Cícero teria fornecido detalhes do ocorrido, sendo minucioso na narrativa.  Admitiu a participação no assassinado, porém negou a sua autoria.   De acordo com Cícero, teria conhecido um empresário morador  em Ribeirão Bonito que lhe solicitou ajuda para matar um funcionário público com quem havia séria desavença. Em nenhum momento, segundo Cícero,  soube se tratar do prefeito . Na realidade, Cícero teria sido contratado para executar o tal funcionário público. Segundo informou à polícia, Cícero teria recebido a quantia de R$ 300,00 para as despesas de viagem, com a promessa que receberia uma quantia em dinheiro e um automóvel fusca.

 Cícero teria aceitado a incumbência, visto que em outras duas ocasiões, já estivera em Ribeirão Bonito, porém sem que houvesse a oportunidade de encontrar com a vítima e executar o planejado pela dupla. Cícero disse aos policiais que o combinado seria ele, Cícero, apertar o gatilho, mas na hora do crime quem teria executado o prefeito havia sido o empresário. Cícero contou aos policiais que o empresário nutria tanta raiva contra Chiquinho Campaner que resolveu ele mesmo executá-lo. Outra informação passada aos policiais por Cícero foi que o empresário era quem dirigia o automóvel Honda Fit na perseguição ao carro oficial da prefeitura. Ao chegar ao local do crime, segundo Cícero, teria assumido o volante, deixando que o empresário disparasse contra o prefeito. Soube-se depois, que tanto Cícero quanto o empresário, no dia do assassinato, teriam ficado o dia todo rodando pela cidade no interior do Honda Fit preto. De acordo com registros de câmeras, Cícero teria chegado em Ribeirão Bonito no dia do crime por volta das 6h30 da manhã e logo se dirigiu  a chácara do empresário.

Abastecendo o Honda Fit
Imagens de câmera mostram Cícero abastecendo  o Honda Fit na manhã do dia do crime em um posto de combustíveis na entrada da cidade. Nesse momento, o registro de vídeo grava Cícero sozinho e o empresário em outro automóvel distante de Cícero. Foi possível também, acompanhar Cícero e o empresário, cada qual em seu veículo, voltando para a chácara do empresário, onde teriam guardado o automóvel do empresário e  a dupla entrando no Honda Fit em direção a cidade.

Próximo da hora do almoço no dia do crime, como temiam serem vistos juntos no mesmo automóvel, resolveram almoçar na cidade vizinha de Trabiju(a policia tem imagens dos dois almoçando em um restaurante de Trabiju). Na sequencia seguiram para a cidade de Boa Esperança do Sul, onde Campaner era proprietário de uma empresa. Cícero contou aos policiais,  que chegaram até a porta da empresa de Campaner(mesmo não sabendo se tratar do prefeito de Ribeirão Bonito) e não teriam visualizado a presença dele naquele local. Ainda de acordo com Cícero, já tinham desistido, mais uma vez,  do plano de matar a vítima.

O assassinato do prefeito Chiquinho Campaner
Retornando de Boa Esperança do Sul para Ribeirão Bonito e passando pela sede da prefeitura, perceberam que o carro oficial se dirigia em direção a saída da cidade e que no automóvel estaria a vítima que procuravam.  Acompanharam o carro oficial em todo o trajeto até que perceberam que o carro da prefeitura  havia entrado em uma estrada de único acesso e que, obrigatoriamente,  teria que retornar pelo mesmo caminho. A emboscada estava armada. Cícero ao volante e o empresário ao seu lado, entraram na mesma estrada de acesso a chácara e num determinado ponto estacionaram o Honda Fit aguardando o retorno do carro oficial com os três ocupantes. Ao retornar da chácara, Chiquinho Campaner foi surpreendido e assassinado com 4 disparos. Outros dois tiros atingiram os demais ocupantes. Cícero afirma categoricamente que o empresário é quem efetuou os disparos.
 Estrada que leva à chácara. Nesse local Chiquinho Campaner foi assassinado

 De acordo com o depoimento de Cícero, o empresário teria dito que além de atirar no seu desafeto, teve que atirar nos outros dois que estavam juntos.

Sabe-se que após o crime, os dois seguiram em direção a cidade de Descalvado. Chegando na praça central, o empresário desceu do Honda Fit com uma mochila(nela, segundo Cícero, havia a arma  e a touca ninja utilizada durante o crime).  Orientando pelo empresário, Cícero foi aconselhado a deixar a cidade e seguir para São Paulo. Antes de retornar a São Paulo, Cícero esteve em um bar onde pediu ajuda ao comerciante para instalar um aplicativo de GPS em seu celular. A polícia tem o testemunho desse comerciante. O empresário teria dito ao Cícero que ficaria na residência de uma conhecida. Seguindo as investigações, a polícia chegou até a residência da tal conhecida do empresário, que a princípio teria dito que o empresário realmente esteve em sua casa no horário do crime. Em depoimento posterior, a “conhecida” confirmou que o empresário chegou em sua casa após o horário do crime portando uma mochila e alertando para que ninguém mexesse naquela mochila.

A prisão do empresário
No momento em que Cícero forneceu informações aos policiais com riqueza de detalhes, a prisão do empresário foi solicitada judicialmente. Concedida a temporária, a busca pelo empresário teve início em sua residência em Ribeirão Bonito. Parentes informaram que o empresário havia viajado para São Paulo.

Sabendo que estava sendo procurado, o empresário combinou com os policiais que se entregaria em um posto de combustíveis no município de Limeira. Nesse dia, três policiais: Aparecido Galhardo, Igor Serrano e Givan Alves partiram ao seu encontro. O empresário se entregou sem resistência sendo levado para São Carlos, onde permaneceu preso em local diferente de onde se encontrava Cícero.

Até o momento, o empresário que também está sendo assistido por seu advogado, nega a participação no crime e diz  sequer conhecer Cícero.

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