Sergio Ronco
Acompanho a política de Ribeirão Bonito há
muitos anos. E como muitos moradores, eu também já assisti um pouco de tudo na
bela cidade que escolhi para viver.
Em 1977 quando vim de São Paulo, a câmara dos
vereadores era formada por pessoas influentes da cidade com lideranças
representativas, onde era possível assistir a bons debates. Rubenz Godoy,
Laércio Pessa, Vinícius Ramos Fabbri e outros. Ah, vereador não ganhava
salários, se candidatava quem realmente tivesse interesse em ajudar o
município. Nessa época, o jovem Francisco José Campaner tinha apenas 15 anos de
idade.
Com o passar dos anos, mudanças significativas
ocorreram no plano político. Foram aparecendo novos partidos e novas lideranças
surgiram.
Nos anos 80, o jovem Chiquinho Campaner, então
com 18 anos foi eleito vereador de Ribeirão Bonito. O mais novo representante
do Legislativo do Estado de São Paulo. Devoto fervoroso do político Franco
Montouro, foi logo apelidado de “Montourinho”. Não demorou em mostrar à
população que estava no cargo pela competência, pela inteligência e pela
facilidade da oratória.
Ao longo dos 4 mandatos de vereador, a população
acompanhou embates e discursos calorosos proferidos por Chiquinho. Eram comuns
colegas de legislativo consultar o parlamentar antes de discussões sobre
projetos polêmicos. Participou efetivamente da cassação de dois prefeitos.
Emissoras de TV da região elegiam o Chiquinho pela facilidade e clareza em suas
explanações.
Uma vez questionado por mim se não tentaria mais uma vez
uma cadeira na câmara, disse: “ No legislativo, nunca mais”.
Tenho a impressão de que no íntimo Chiquinho
sempre quis a poltrona de prefeito, estava esperando a oportunidade e a hora
certa. Uma fonte me disse que o convite teria partido da Dagmar Blota que junto
com outros amigos, se dispuseram a enfrentar as urnas em 2016 para eleger o
chefe do executivo.
No dia 19 de novembro de 2015, Chiquinho se
filiou ao PSDB. Disse Chiquinho em seu facebook, à época: “Vale destacar
que assim como é oposição ao governo federal na esfera nacional, aqui, em
Ribeirão, o PSDB é oposição ao grupo que esta a frente da prefeitura há vários
anos e vem atrasando o desenvolvimento da cidade. Esta é a primeira vez em 30
anos de vida pública que faço parte de um partido do qual não sou o presidente,
mas que estou totalmente de acordo com a ideologia apresentada”
A
cidade vivia um momento de descrédito por conta da atuação do prefeito Nenê
Forte que era sistematicamente criticado pela falta de
iniciativa e pela pouca experiência política. Nas redes sociais, Nenê era
criticado diuturnamente, afinal a campanha estava nas ruas.
Correndo
por fora e discretamente Nino Martins vinha crescendo nos bairros e assustando
o grupo do Chiquinho. Paulo Veiga ficou no “vou e não vou”, e acabou na lanterna,
tendo Nino obtido um honroso segundo lugar e o Chiquinho sendo eleito prefeito. Um nome
foi de suma importância para o sucesso de Chiquinho nas urnas: Dagmar Blota.
A
esperança de dias melhores estava lançada na cidade. Promessas não faltaram
para que o apoio estivesse ao lado daquele que sempre sonhou em administrar a
cidade.
Em
entrevista a este jornalista através da Rádio BJ, ficou claro que a lua de mel
com a população poderia durar pouco tempo. “Terei que tomar medidas amargas”,
disse Chiquinho, visualizando o que teria que enfrentar para tirar a cidade do
marasmo encontrado.
Anunciou
o seu secretariado e avisou que os salários baixariam para valores iguais a R$
1.200,00. O chefe de gabinete foi anunciado, dizendo que se não fosse possível
pagar com dinheiro público pagaria do próprio bolso. Sinal de que Chiquinho
estava disposto a administrar do seu jeito e modo.
Deixou
claro que algumas taxas de serviços seriam majoradas, como caso do fornecimento
de água(ainda não alterado), o IPTU para 2018, taxa de coleta de lixo etc.
Disse também que faria cortes drásticos nos gastos em geral.
Até
aí, acho que a população compreendeu o momento e continuou apoiando as tais
medidas amargas.
A
mudança de Chiquinho para Francisco
Os
cortes tiveram início na área da Saúde com dispensa de médicos e servidores.
Sabe-se que Francisco foi duro e intransigente com alguns profissionais médicos e dentistas. Um
deles com mais de 15 anos prestando serviços à comunidade.
Centralizou
as negociações com fornecedores, garantindo aos cofres públicos uma boa
economia, afinal a meta dita pelo chefe do executivo era economizar 35% nos
gastos gerais.
Depois
disso vieram os cortes da Educação, envolvendo merenda escolar, transportes
escolares e bolsa de estudo para jovens.
A
coleta de lixo da cidade deixou de ser terceirizada e passou a ser por
contratação. Acontece que não houve tempo para concurso público e menos ainda
para licitação. Resultado: uma confusão do tamanho da cidade, o que poderá
custar caro ao prefeito.
Comentários
dão conta que Francisco anda nervoso, gritando e batendo à mesa quando algo não
sai do gosto e do jeito dele. Haja vista o ocorrido com sindicalista que esteve
com alguns funcionários reunidos na Praça da Matriz. Dizem que perdeu o
controle por não aceitar a mediação do sindicato.
Para
piorar a situação, dois processos correm na justiça eleitoral, e uma delas
ajuizada pelo partido Solidariedade que contesta os gastos durante campanha. O
recurso da defesa não surtiu efeito esperado em primeira instância e o processo
segue com a convocação das testemunhas de defesa que serão ouvidas no próximo
mês de março.
Vejo que o Francisco quer mesmo colocar a
cidade nos trilhos, porém da forma dele, afinal é ele quem tem a “caneta”. Por
outro lado, a pressa, a afobação, a correria, e a falta de atenção às leis e
principalmente a LRF – Lei de responsabilidade fiscal poderá levá-lo a final
trágico. Ainda penso que continua com apoio às mudanças, mas para tanto terá
que mudar a maneira de agir.
Um comentário:
É uma pena tanta polêmica e discórdia em menos de 2 meses de governo...
Isso só enfraquece o município, que já está tão "doente"!
Torcemos para Ribeirão voltar nos eixos!!!
Postar um comentário