quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Múltis brasileiras têm nota baixa contra corrupção

Múltis brasileiras têm nota baixa contra corrupção

Transparência Internacional analisou ética corporativa nas multinacionais de países emergentes; em escala de 0 a 10, empresas nacionais receberam média de 3,4


Jamil Chade, correspondente do Estado
 
GENEBRA - Um estudo da Transparência Internacional divulgado nessa quarta-feira, 16, na Alemanha, mostra que as principais multinacionais brasileiras precisam aprimorar os mecanismos de combate à corrupção, aumentar a transparência organizacional e a prestação de contas sobre suas atividades no exterior. O levantamento - Transparência em Relatórios Corporativos: Avaliando o Mercado das Multinacionais Emergentes - faz uma análise da ética nos negócios por parte das 100 maiores companhias internacionais de 16 países emergentes.
Para a Transparência Internacional, as grandes empresas do Brics - bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e de países como Chile, Hungria, México, Turquia e Malásia, entre outros, ainda são pouco transparentes e estão distantes dos modelos de combate à corrupção e de abuso de poder adotados na Europa e nos Estados Unidos. Em uma escala de 0 a 10, na qual as maiores notas indicam mais transparência, a média das 100 companhias foi de 3,6 e apenas 1 em 4 multinacionais receberam nota acima de 5.
As empresas brasileiras estão bem aquém dos critérios defendidos pela Transparência Internacional. A nota média das 13 companhias analisadas foi de 3,4 - acima apenas do índice das 33 estatais chinesas analisadas, quando se considera os cinco países do Brics. A mais bem classificada no ranking, a Marcopolo, está em 30.º lugar, com nota 4,8, e apenas uma das empresas, a Votorantim, tem regras explícitas de proibição ao pagamento de propina a agentes públicos. O pior desempenho entre as brasileiras é o da Odebrecth, com 0,2 na escala da entidade.

Publicidade. A metodologia da Transparência Internacional considera políticas das companhias que são públicas - ou seja, não basta a empresa ter medidas de controle interno, é preciso divulgá-las. 

Segundo a Transparência Internacional, as multinacionais analisadas receberam da entidade os dados levados em conta para o estudo e puderam comentar ou mesmo corrigir as informações - das 100 empresas, apenas 17 responderam, incluindo as brasileiras Brasil Foods, Gerdau, Natura, Petrobrás e Votorantim. Conforme a entidade, esse processo levou a melhorias nos resultados de 12 das 17 empresas que responderam aos dados apresentados.
A Transparência Internacional afirma que apenas 6 das 100 multinacionais estudadas têm políticas claras de proibição a práticas como pagamento de propina para acelerar entraves alfandegários ou trâmites burocráticos, além de casos de suborno para assinar contratos com governos. 

Multinacionais de países desenvolvidos, como a francesa Alstom e a alemã Siemens, são acusadas de corromper agentes públicos em vários países, inclusive no Brasil.
"O resultado de nosso levantamento não é bom", diz um comunicado da entidade. "Essas são algumas das maiores empresas do mundo e têm um potencial de crescimento incrível. Essa pesquisa mostra onde essas empresas falham e garante informação para que se empurre essas empresas a fazer mais para combater o abuso de poder, acordos secretos e propinas."
Entre as recomendações feitas pela entidade às companhias, aos governos, a investidores e à sociedade civil, a primeira é defender que as multinacionais dos Brics aprimorem suas políticas de ética nos negócios e, dessa forma, sirvam de exemplo para os demais países. 

Para a chefe da Transparência Internacional, Huguette Labelle, "chegou o momento de mercados emergentes fazerem em sua parte para lutar contra a corrupção".
Fonte: Estadão

Um comentário:

Elvio disse...

Depois dessa pesquisa podemos esperar o que?
Esse é verdadeiro retrato dos desmandos do país.
Pagamento de propina para acelerar entraves burocráticos; nunca teremos reformas para modernizar o sistema, pois os responsáveis são justamente os que recebem!
Empreiteiras com as notas mais baixas? Quando na história desse país teremos uma reforma política séria que proíba as doações de pessoas jurídicas para campanha, se são justamente os políticos que votam a reforma!
Porque não é exigido a mesma postura das Multis em todos os mercados?
Aqui tudo pode! Somos o país da cerveja, do samba, do futebol...pra que vamos perder nosso tempo com essas besteiras!
Semana que vem tem horário de verão, dá para esticar o happy hour....que gostoso!!!!!!!