por Leonardo Sakamoto, em seu blog
Postes, muros e pontos de ônibus dos bairros da Vila Madalena e
Pinheiros amanheceram com centenas de cartazes de protesto contra Harry
Shibata, médico legista e ex-diretor do Instituto Médico Legal de São
Paulo. Acusado de ser responsável por falsos atestados de óbito usados
para acobertar assassinatos de opositores pela ditadura militar, ele
teria ignorado marcas deixadas por sessões de tortura produzindo laudos
de acordo com as necessidades dos militares. Os cartazes foram colados
por um grupo de manifestantes na madrugada deste sábado (7).
Shibata é acusado de, sem ter visto o corpo, atestar como suicídio a
morte de Vladimir Herzog, então diretor da TV Cultura, que fora
convocado para “prestar esclarecimentos” no DOI-Codi, em em outubro de
1975. O orgão, ligado ao regime, tinha o objetivo de reprimir opositores
e se transformou em um dos principais centros de tortura do país.
A morte do jornalista após sessão de tortura tornou-se um símbolo na
luta contra a ditadura. E o culto ecumênico realizado em sua homenagem,
em dezembro daquele ano, na Catedral da Sé, foi o primeiro grande ato
da sociedade civil contra as atrocidades cometidas pelos militares.
Nos dias 31 de março e 1o de abril, manifestações no Rio de Janeiro e
em São Paulo reuniram centenas de pessoas para lembrar o aniversário
do golpe de 1964. Elas exigiram que os crimes cometidos pelo Estado
durante a ditadura militar sejam esclarecidos e os envolvidos em casos
de tortura punidos por crime contra a humanidade.
Como parte dos protestos, residências de militares acusados de
envolvimento em tortura foram marcadas. Da mesma forma, parte dos
cartazes fornece o endereço do médico legista, em uma rua de classe
média alta.
Neste sábado, comemora-se o Dia do Médico Legista. E o Dia do Jornalista.

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