"O Estado de São Paulo"
ACIONISTA DA CAMARGO CORRÊA MORRE EM ACIDENTE
Botelho pilotava avião que caiu e pegou fogo no interior de São Paulo; executivo foi vice-presidente da holding que controla o grupo
JOSÉ MARIA TOMAZELA, SOROCABA - O Estado de S.Paulo
Acionista do Grupo Camargo Corrêa e entusiasta da aviação, o
empresário Fernando de Arruda Botelho, de 63 anos, morreu no início da
tarde de ontem na queda de seu avião em Itirapina, a 227 quilômetros de
São Paulo. A aeronave sobrevoava a Fazenda São José da Conquista, da
família do empresário, quando perdeu altura, caiu e pegou fogo. Além de
Botelho, morreu no acidente o piloto Sérgio Luiz Robattini, de 47 anos.
De acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade de São Carlos, o próprio
Botelho pilotava a aeronave. As primeiras informações davam conta de
que o avião era o T 28 Trojan, que Botelho trouxe dos Estados Unidos no
ano passado.
Ele e o piloto haviam decolado às 12h25 da pista do Balneário Santo
Antonio (Broa), que também pertence à família. O empresário pretendia
vistoriar a lavoura de cana-de-açúcar. O funcionário do balneário
William Lima Neto ouviu o barulho da queda: "Foi um baque seco, saí para
olhar e logo vi que subia fumaça do canavial".
Algumas pessoas que estavam num posto de gasolina correram para o
local, mas não puderam se aproximar por causa do incêndio na plantação
de cana. Os bombeiros chegaram ao local em tempo apenas de apagar o fogo
que se alastrava.
O avião, que ficou praticamente inteiro na queda, foi em seguida
consumido pelo fogo. Os corpos carbonizados estavam no interior da
aeronave e, depois da perícia realizada pela Polícia Especializada da
Aeronáutica, seriam levados para o Instituto Médico Legal (IML).
Tradição. Botelho era de família tradicional da região. Seu tataravô,
Jesuíno de Arruda, é considerado o fundador de São Carlos. Apaixonado
por aviões, ele realizava anualmente o Broa Fly, encontro que reunia
aviadores de todo o mundo e construiu réplicas do Demoiselle, a melhor
aeronave projetada e construída por Alberto Santos Dumont.
O empresário criou e presidia o Instituto Arruda Botelho (IAB), com
projetos de aviação, preservação ambiental e de patrimônio
histórico-cultural e desenvolvimento social.
Eventos. Botelho preparava-se para participar de um show nacional
neste fim de semana em Piracicaba. Ele apresentaria projetos para a
realização de eventos na cidade, segundo nota da Associação Brasileira
de Paraquedistas das Forças Armadas e Operacionais.
No mês passado, o empresário participou do evento conhecido como
Revoada dos Clássicos, em Piracicaba. "Foi um evento histórico e
marcante junto com outros aviadores", diz a nota assinada também pelo
Grupo de Apoio à Força Aérea Brasileira. No fim de março, Botelho esteve
em Miami para promover a exposição da réplica do avião Demoiselle, de
Santos Dumont, no Aeroporto Internacional da cidade americana.
Além da aviação, Botelho era apaixonado por caça. Caçou ursos no Alasca e fazia temporadas também nos alpes austríacos.
Trajetória. O empresário era casado com Rosana Camargo de Arruda
Botelho, filha mais velha do lendário empresário Sebastião Camargo.
Começou a vida profissional nos anos 60 na PriceWaterhouse e trabalhou
em Nova York, no Bankers Trust.
Na Camargo, durante vários anos foi diretor-geral do Banco Geral do
Comércio (que pertencia ao grupo) e principal executivo da área de
cimento. Foi também vice-presidente da holding que controla o grupo, mas
anos atrás se afastou dos negócios da família. Nesse período, tornou-se
vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp).
A Camargo divulgou nota oficial de pesar pela morte do empresário. "O
Brasil perdeu um dos maiores empreendedores nacionais", diz a nota,
lembrando que Botelho era apaixonado pela aviação e pelo Brasil.
"Fernando Botelho deixa um legado vasto de valorização de inúmeras
conquistas brasileiras, as quais divulgou e promoveu
internacionalmente", completou a nota da empresa.
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