Retrato de uma nova região agrícola
Houve um tempo em que a economia local era impulsionada pela diversidade nas lavouras das propriedades rurais. Em especial, o cultivo do algodão no município de Dourado se destacava, movimentando a economia e gerando empregos em diversos setores relacionados à cultura algodoeira.
Uma indústria de beneficiamento recebia o algodão colhido nas férteis terras de Dourado e região. Mas não era só o algodão: plantava-se de tudo um pouco — milho, café, amendoim, pastagens e até arroz! Sim, arroz! Aproveitava-se cada centímetro de terra disponível. Chegava-se ao ponto de cultivar até mesmo nas áreas pertencentes ao DER.
As pastagens, por sua vez, eram ocupadas por rebanhos leiteiros. A produção era significativa: os laticínios de Dourado e Ribeirão Bonito recebiam diariamente centenas de litros de leite, fortalecendo ainda mais a economia rural e garantindo renda a diversas famílias.
No entanto, nas últimas quatro décadas, a paisagem rural passou por uma mudança drástica. As lavouras diversificadas deram lugar ao cultivo predominante da cana-de-açúcar. Os proprietários, buscando acompanhar a nova realidade do setor agrícola, removeram até mesmo as cercas de suas propriedades para facilitar o trabalho das grandes máquinas que passaram a dominar o campo.
As fazendas, por sua vez, esvaziaram suas colônias de trabalhadores. Muitos migraram para os centros urbanos, em busca de novas oportunidades. O que se viu foi uma região que, aos poucos, foi perdendo seu dinamismo. Arrisco dizer que houve um empobrecimento geral — não apenas econômico, mas também social e cultural.
Ainda assim, fica a esperança de que as novas gerações possam reencontrar caminhos para revitalizar nossa região. Quem sabe, com inovação, sustentabilidade e valorização das raízes, possamos escrever um novo capítulo de prosperidade.
Ronco
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