Sergio Ronco
Adhemar Pereira de Barros
Se
eu tivesse gosto pela fotografia como tenho hoje, teria bons registros
dos anos 60. Eu explico: praticamente nasci na Rua Albuquerque-lins 977,
Edifício Umuarama de propriedade da família Morganti. Prédio de luxo
para a época construído pelo renomado arquiteto Alfredo Mathias. Para se
ter uma idéia da imponência desse prédio, a escadaria da entrada
principal era toda revestida por mármore importado da Itália, Carrara.
Foi o primeiro edifício da Albuquerque-Lins, entre os bairros:
Higienópolis e Santa Cecília.
Meu
pai trabalhava no Laboratório Novoterápica, também da família Morganti,
acabou por perder a visão parcial em um acidente, quando explodiu uma
caldeira contendo ampolas de vidro. Apesar de ter sido socorrido
prontamente e até mesmo passado por cirurgia pelas mãos de um dos
conceituados oftalmologista da época, Penido Burnier, acabou ficando com
essa seqüela para o resto de sua vida. O edifício Umuarama estava sendo
construído, e como falei, muito material de acabamento chegava do
exterior.
Meu
pai não aceitou ficar afastado do trabalho em função do acidente. Uma
maneira de continuar trabalhando foi transferí-lo para a obra do famoso
prédio, tendo como principal função acompanhar todo o material que
chegava de fora do país, principalmente da Itália. Após a construção
desse prédio, meu pai continuou servindo a família Morganti em algumas
questões pessoais e também assumindo a zeladoria do Umuarama.
Voltemos
ao gosto pela fotografia e os anos 60/70. Em frente ao Umuarama,
residia o então governador do Estado Adhemar Pereira de Barros e sua
esposa Leonor Mendes de Barros. A casa era enorme. A entrada principal
era na Albuquerque-Lins e o fundo dava para a Rua Gabriel dos Santos, já
no outro quarteirão. Ao lado do governador, morava seu genro João Saad,
então proprietário do Grupo Bandeirantes de Rádio e TV. Ademarzinho,
seu filho, morava na Rua Baronesa de Itú, há 200 metros do pai.
Entre os integrantes da "turma" da Albuquerque-Lins, estavam os filhos de João Saad, O Johnny(foto) e o Ricardo, ambos hoje donos do Grupo Bandeirantes. Johnny, o mais velho, já naquela época se portava como um lider e era quem arrumava os programas para a turma toda. Um dos programas era o banho de piscina, aliás a única da Albuquerque-lins, na casa do seu avô, Adhemar de Barros.
Entre os integrantes da "turma" da Albuquerque-Lins, estavam os filhos de João Saad, O Johnny(foto) e o Ricardo, ambos hoje donos do Grupo Bandeirantes. Johnny, o mais velho, já naquela época se portava como um lider e era quem arrumava os programas para a turma toda. Um dos programas era o banho de piscina, aliás a única da Albuquerque-lins, na casa do seu avô, Adhemar de Barros.
Adhemar
gostava demais de crianças. Era comum chegar ao portão principal de sua
residência(naquela época não tínhamos, ou não sentíamos falta de
segurança), descer do automóvel , ainda na calçada, logo sendo rodeado
por um batalhão de crianças e até mesmo de adultos que iam ao seu
encontro para o informal aperto de mão. Sempre simpático e agradável.
Quando o tempo lhe permitia maior atenção, fazia questão de distribuir
bombons Sonho de Valsa da Lacta, fábrica de sua propriedade. Quantas
vezes corri em busca do famoso chocolate. Ah, ele me chamava pelo
sobrenome dado o conhecimento com meus pais. Anos a frente, João
Saad(genro do Adhemar), foi quem deu oportunidade ao meu irmão Pedro
Luiz de ingressar na Rádio Bandeirantes, pois cursava jornalismo no
Objetivo. Diga-se de passagem, o mano velho, deve ser um dos
funcionários mais antigos da emissora, caminha para os 40 anos na
emissora dos Saad.
Lembro-me
perfeitamente do carrão preto da marca Rolls Royce de propriedade de
Ademar(esse automóvel foi adquirido posteriormente pelo cantor Erasmo
Carlos). Imaginem que nele havia um telefone! Sim, daqueles aparelhos
com console, disco e gancho de liga-desliga. Não perguntem como
funcionava! Política nessa época, era o que menos interessava. Jogar
bola em plena Albuquerque-Lins era costumeiro. Dava para contar nos
dedos os automóveis que passavam naquela rua, era um deserto.
Dona
Leonor(foto), esposa de Adhemar, era a simpatia em forma de gente.
Educadíssima e prestativa. Sua casa poderia ser confundida como qualquer
setor social governamental. Atendia pessoalmente a todos que a
procuravam com a maior presteza.
Um
pouco antes de sua morte ao visitar um navio de passageiros que
aportava no cais, tive o prazer de encontrá-la no Coffe House,
aguardando embarque nesse navio. Não me contive! Fiz questão de me
apresentar e cumprimentá-la. E não é que lembrou perfeitamente de minha
família! Que alegria, a minha!
Quantas
imagens boas guardo em minha mente. Pena que não registrei, nem
poderia, era adolescente, meus pensamentos com certeza eram outros. Mas
essas passagens estão no HD de minha memória.
Ronco
MT 44439
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