A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e o
Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) prestam solidariedade à repórter Patricia Campos Mello, da Folha
de S. Paulo, que nesta terça-feira (18.fev.2020) foi novamente atacada pela família Bolsonaro, dessa vez pelo próprio presidente da República.
A Abraji e a OAB repudiam veementemente a fala do presidente. O
desrespeito pela imprensa se revela no ataque a jornalistas no exercício
de sua profissão.
Na manhã desta terça, durante conversas com jornalistas em frente ao
Palácio da Alvorada, o presidente deu a entender que a jornalista
Patricia Campos Mello teria se insinuado sexualmente para conseguir
informações sobre o disparo de mensagens em massa durante a campanha
eleitoral de 2018.
A ofensa propagada por Jair Bolsonaro faz referência ao depoimento de
um ex-funcionário de uma empresa de marketing digital dado à CPMI das
Fake News, no Congresso. Ao ser ouvido por congressistas, Hans River do
Rio Nascimento afirmou que a repórter especial da Folha de S. Paulo
ofereceu-se sexualmente em troca de informação.
Naquele mesmo dia (11.fev.2020), o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP), filho do presidente, replicou o absurdo em falas públicas e
nas redes sociais. A Abraji se manifestou sobre a tentativa de abalar a honra de uma das mais respeitadas profissionais do país. Outras mobilizações espontâneas da sociedade, incluindo a OAB, também condenaram a ação de um agente público contra profissionais de imprensa.
Com sua mais recente declaração, Bolsonaro repete as alegações que a Folha já demonstrou
serem falsas. Na mesma entrevista, Bolsonaro chegou a dizer aos
repórteres que deveriam aprender a interpretar textos, assim ofendendo
todos os profissionais brasileiros, não apenas a repórter da Folha. As
declarações foram transmitidas ao vivo na página de Bolsonaro no
Facebook.
Em nota,
a Folha de S. Paulo repudiou o episódio. "O presidente da República
agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional
com a sua atitude. Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro
que a lei exige do exercício da Presidência", diz trecho do texto.
Os ataques aos jornalistas empreendidos pelo presidente são
incompatíveis com os princípios da democracia, cuja saúde depende da
livre circulação de informações e da fiscalização das autoridades pelos
cidadãos. As agressões cotidianas aos repórteres que buscam esclarecer
os fatos em nome da sociedade são incompatíveis com o equilíbrio
esperado de um presidente.
Diretoria da Abraji e Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB, 18 de fevereiro de 2020
Sergio Ronco
Filiado a Abraji
MTB 44439
Nenhum comentário:
Postar um comentário