O Blog do Ronco entrevistou o
Delegado Dr. Reinaldo Lopes Machado, nesta quarta(29) que preside o inquérito policial no qual o prefeito de Ribeirão Bonito Francisco
José Campaner(PSDB), foi brutalmente assassinado com quatro tiros. O fato
ocorreu no dia 26 de dezembro de 2019, por volta das 17h10.
Delegado titular de Ribeirão Bonito Reinaldo Lopes Machado
A Operação da Polícia Civil
A operação bem sucedida na
elucidação do crime, foi creditada aos policiais civis de Ribeirão Bonito e aos
policiais da DIG de São Carlos. Em São Paulo puderam contar com o apoio do DHPP.
O trabalho de inteligência da Polícia Civil foi coroado de êxito funcionando
com eficiência e profissionalismo. A rapidez nesse caso, rendeu homenagens do
governo do Estado aos policias que participaram da investigação.
Policiais Civis de Ribeirão Bonito: Da esquerda para direita: Givan Alves da Silva Lima, Fábio Adercio Santos, Marcilene do Prado Tanganini, delegado Reinaldo Lopes Machado, Andrea Alessandra Moretti Garcia, Aparecido Donizete Galhardo e Igor Rodrigo Gonzaga Serrano (fotos: Ronco)
Policiais Civis da DIG de São Carlos: da esquerda para direita: Samuel,Donizete, delegado Geraldo Souza Filho, Reginaldo, Roney e Lucas Claro (foto: Divulgação)
Detalhes de uma operação de sucesso
No dia 26 de dezembro de 2019, o
prefeito Chiquinho Campaner, o chefe de gabinete Edmo Gonçalo Marchetti e o
comerciante Ary Santarosa se dirigiram a uma chácara que fica localizada
próximo ao acesso de entrada da cidade. Durante as oitivas, ficou claro que a
decisão de visitar a tal chácara foi de última hora e não agendado com
antecedência. Dessa forma
descartou-se a possibilidade de
planejamento do assassinato do prefeito naquele local.
A partir dessa ocorrência, a
polícia passou a investigar o caso. A primeira providência da polícia foi o de solicitar câmeras de
segurança de residências e do comércio, nos arredores do local do crime para verificar se havia registros de veículos
perseguindo o carro oficial durante o trajeto feito pelo prefeito Campaner.
Com vasto material de vídeo em
mãos, foi possível acompanhar o percurso percorrido pelo prefeito, que dirigia
o veículo. Campaner e os dois outros ocupantes deixaram a prefeitura em direção à chácara. Foi
possível constatar que um automóvel Honda Fit preto seguia o carro oficial. Em
uma elas, ficou visível a numeração da placa e um detalhe que chamou a atenção
dos policiais, um colante afixado no vidro traseiro que mais tarde ajudou a
reconhecer o veículo.
O próximo passo foi acessar o site do DETRAN e
com a numeração da placa, constatar que se travava de automóvel devidamente
registrado e mais, a foto da última vistoria realizada em São Paulo mostrava
exatamente o adesivo no vidro traseiro.
No rastro do veículo e seu proprietário
Com os dados do veículo, uma
equipe da DIG de São Carlos, sob o comando do delegado Geraldo Souza Filho, se
dirigiu a São Paulo e lá, contando com o apoio do DHPP foi possível identificar
o endereço do proprietário do Honda Fit. Ao chegar na residência do proprietário
e questionado se havia estado em Ribeirão Bonito, o mesmo apresentou aos
policiais um contrato de compra e venda de veículo atestando ter vendido o
automóvel para terceiro.
Com essa informação, os policias se deslocaram
para o endereço informado do comprador do Honda Fit. Ao chegar na casa do novo
proprietário, o mesmo afirmou que o veículo era de sua propriedade, porém disse
que havia emprestado ao seu tio de nome
Cícero, fornecendo o endereço do tio.
A Prisão do primeiro suspeito, o Cícero
Em nova diligência no bairro de
Capão Bonito, os policiais chegaram até a residência de Cícero. Sempre em comunicação com a equipe da DIG, o
delegado Reinaldo Machado acompanhava em Ribeirão Bonito o desenrolar das
investigações dando suporte ao grupo que estava em São Paulo, fornecendo
detalhes dos antecedentes dos investigados.
Reinaldo Machado constatou que havia registros de Cícero com passagem
pela polícia. Mais que depressa, o delegado titular de Ribeirão Bonito
solicitou ao juiz de plantão de São Carlos, a prisão temporária de Cícero, uma vez que na comarca, o fórum estava em
recesso judiciário. O magistrado de São Carlos
deferiu o pedido e, Cicero foi detido pelo grupo da DIG. A princípio Cícero
disse ter estado em Ribeirão Bonito, porém negou qualquer participação no crime
que vitimou Chiquinho Campaner. A história contada por Cícero para justificar
sua presença na cidade, segundo o
delegado Lopes Machado, era algo sem começo, meio e fim.
No dia seguinte a prisão, Cícero
mudou de ideia e manifestou o desejo de colaborar com a investigação. Policiais o levaram a DIG, já sendo assistido e
acompanhado por sua advogada Fabiana Carlino Luchesi
Nessa conversa, Cícero teria
fornecido detalhes do ocorrido, sendo minucioso na narrativa. Admitiu a participação no assassinado, porém
negou a sua autoria. De acordo com
Cícero, teria conhecido um empresário morador em Ribeirão Bonito que lhe solicitou ajuda
para matar um funcionário público com quem havia séria desavença. Em nenhum momento, segundo Cícero, soube se tratar do prefeito . Na
realidade, Cícero teria sido contratado para executar o tal funcionário público. Segundo informou à polícia, Cícero teria recebido a quantia de R$ 300,00 para as despesas de viagem, com a promessa que receberia uma quantia em dinheiro e um automóvel fusca.
Cícero
teria aceitado a incumbência, visto que em outras duas ocasiões, já estivera em
Ribeirão Bonito, porém sem que houvesse a oportunidade de encontrar com a vítima
e executar o planejado pela dupla. Cícero disse aos policiais que o combinado
seria ele, Cícero, apertar o gatilho, mas na hora do crime quem teria executado
o prefeito havia sido o empresário. Cícero contou aos policiais que o
empresário nutria tanta raiva contra Chiquinho Campaner que resolveu ele mesmo
executá-lo. Outra informação passada aos policiais por Cícero foi que o
empresário era quem dirigia o automóvel Honda Fit na perseguição ao carro
oficial da prefeitura. Ao chegar ao local do crime, segundo Cícero, teria
assumido o volante, deixando que o empresário disparasse contra o prefeito.
Soube-se depois, que tanto Cícero quanto o empresário, no dia do assassinato,
teriam ficado o dia todo rodando pela cidade no interior do Honda Fit preto. De
acordo com registros de câmeras, Cícero teria chegado em Ribeirão Bonito no dia
do crime por volta das 6h30 da manhã e logo se dirigiu a chácara do empresário.
Abastecendo o Honda Fit
Imagens de câmera mostram Cícero
abastecendo o Honda Fit na manhã do dia
do crime em um posto de combustíveis na entrada da cidade. Nesse momento, o
registro de vídeo grava Cícero sozinho e o empresário em outro automóvel
distante de Cícero. Foi possível também, acompanhar Cícero e o empresário, cada
qual em seu veículo, voltando para a chácara do empresário, onde teriam guardado
o automóvel do empresário e a dupla
entrando no Honda Fit em direção a cidade.
Próximo da hora do almoço no dia do crime,
como temiam serem vistos juntos no mesmo automóvel, resolveram almoçar na
cidade vizinha de Trabiju(a policia tem imagens dos dois almoçando em um
restaurante de Trabiju). Na sequencia seguiram para a cidade de Boa Esperança
do Sul, onde Campaner era proprietário de uma empresa. Cícero contou aos
policiais, que chegaram até a porta da
empresa de Campaner(mesmo não sabendo se tratar do prefeito de Ribeirão Bonito) e não teriam visualizado a presença dele naquele
local. Ainda de acordo com Cícero, já tinham desistido, mais uma vez, do plano de matar a vítima.
O assassinato do prefeito Chiquinho Campaner
Retornando de Boa Esperança do
Sul para Ribeirão Bonito e passando pela sede da prefeitura, perceberam que o carro oficial se dirigia em direção a saída da cidade e que no automóvel estaria a vítima que procuravam.
Acompanharam o carro oficial em todo o trajeto até que perceberam que o carro da prefeitura havia
entrado em uma estrada de único acesso e que, obrigatoriamente, teria que retornar pelo mesmo caminho. A
emboscada estava armada. Cícero ao volante e o empresário ao seu lado, entraram
na mesma estrada de acesso a chácara e num determinado ponto estacionaram o Honda Fit
aguardando o retorno do carro oficial com os três ocupantes. Ao retornar da chácara,
Chiquinho Campaner foi surpreendido e assassinado com 4 disparos. Outros dois
tiros atingiram os demais ocupantes. Cícero afirma categoricamente que o
empresário é quem efetuou os disparos.
Estrada que leva à chácara. Nesse local Chiquinho Campaner foi assassinado
De acordo com o depoimento de Cícero, o
empresário teria dito que além de atirar no seu desafeto, teve que atirar nos
outros dois que estavam juntos.
Sabe-se que após o crime, os dois
seguiram em direção a cidade de Descalvado. Chegando na praça central, o
empresário desceu do Honda Fit com uma mochila(nela, segundo Cícero, havia a
arma e a touca ninja utilizada durante o crime).
Orientando pelo empresário, Cícero foi aconselhado a deixar a cidade e
seguir para São Paulo. Antes de retornar a São Paulo, Cícero esteve em um bar onde
pediu ajuda ao comerciante para instalar um aplicativo de GPS em seu celular. A
polícia tem o testemunho desse comerciante. O empresário teria dito ao Cícero
que ficaria na residência de uma conhecida. Seguindo as investigações, a polícia
chegou até a residência da tal conhecida do empresário, que a princípio teria
dito que o empresário realmente esteve em sua casa no horário do crime. Em
depoimento posterior, a “conhecida” confirmou que o empresário chegou em sua
casa após o horário do crime portando uma mochila e alertando para que ninguém
mexesse naquela mochila.
A prisão do empresário
No momento em que Cícero forneceu
informações aos policiais com riqueza de detalhes, a prisão do empresário
foi solicitada judicialmente. Concedida a temporária, a busca pelo empresário
teve início em sua residência em Ribeirão Bonito. Parentes informaram que o
empresário havia viajado para São Paulo.
Sabendo que estava sendo
procurado, o empresário combinou com os policiais que se entregaria em um posto
de combustíveis no município de Limeira. Nesse dia, três policiais: Aparecido
Galhardo, Igor Serrano e Givan Alves partiram ao seu encontro. O empresário se
entregou sem resistência sendo levado para São Carlos, onde permaneceu preso em
local diferente de onde se encontrava Cícero.
Até o momento, o empresário que
também está sendo assistido por seu advogado, nega a participação no crime e
diz sequer conhecer Cícero.
Prisão prorrogada
A arma do crime ainda não foi
encontrada. Não está descarta a reconstituição do crime e a possível acareação
dos envolvidos. A polícia aguarda o
término das investigações para convocar uma coletiva de imprensa. O delegado de
Ribeirão Bonito Reinaldo Lopes Machado solicitou ao juiz da comarca a prorrogação das prisões temporárias de
Cícero e do empresário. O magistrado acatou o pedido de prisão temporária por
mais 30 dias. Reinaldo Machado disse ao Blog do Ronco que não pretende utilizar
os 30 dias da temporária, o que significa que em breve teremos o desfecho do caso.
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