segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Automobilismo na veia....Boas lembranças....

Sergio Ronco 
Tempos memoráveis e inesquecíveis. O automobilismo já fez parte de minha vida, não como piloto, mas como assistente, pois meu pai, quando eu era garoto, me levava para assistir corridas em Interlagos, nos anos 60. Os pilotos da época:   Celso Lara Barberis, Camilo Cristofaro, Toninho Versa(foto acima). Quando deixou o automobilismo comprou uma revenda VW - Multicar,  na esquina do apartamento onde eu morava, na Alameda Barros), Bird Clemente, Chico Landi e outros. As berlinetas faziam sucesso. Os Gordinis, VW, DKV, Sinca, Aero Willys e outros. A tradicional Mil Milhas era espetáculo a parte.
Camilo Cristófaro e sua  famosa carretera 18

Nos anos 70, voltei a frequentar as pistas, pelas mãos do amigo Roberto Papa. Nessa época, Papa era piloto de Kart e grandes nomes surgiram para o automobilismo mundial passando pela escola maior, que foi o Kart. 
Carol Figueiredo, Walter Travaglini e Ayrton Senna

Papa(foto abaixo) passou pelas categorias PC - Piloto de Competição e depois POC - Piloto Oficial de Competição. Nessa época nas pistas nomes como Ayrton Sena, Walter Travaglini, Maneco Comacau, Carol Figueiredo, os irmãos Allipertti, Dionísio Pastore, Maurizio Sandro Sala, Rene Lotfi,  Rubinho Barrichello, Roberto Gardano, Chico Serra e o amigo Roberto Papa faziam muito sucesso nas pistas.

Esta é uma historia que serve de lembrança apenas para mim e que conto agora, pois confesso que possam achar se tratar de lenda. 

Pois bem, em uma prova de kart em Interlagos, com a devida credencial em mãos fornecida pelo amigo Papa, portanto acesso livre à  pista, fiquei postado em uma das curvas do kartódromo com o objetivo de sinalizar ao Roberto  Papa como se comportava  em relação aos demais. Eram sinais abrindo e fechando as mãos espalmadas que significavam a proximidade do concorrente que vinha atrás.
          
              Senna com o número tradicional de seu Kart, o 42 (1974)

Ao longo da prova, o Kart nº 42 pilotado pelo Ayrton Senna, estava atrás do piloto Walter Travaglini, que acabou vencendo a prova. Muito bem, Ayrton(nessa época já era arrojado), jogou uma das luvas (a da mão direita) na área de escape. Acho que deveria estar atrapalhando, mesmo porque realmente em um dos dedos estava totalmente rasgado. Eu peguei essa luva e lembro que cheirava combustível puro, pois era comum os pilotos dar toquinhos no motor durante a disputa. Essa luva passei ao amigo Beto Papa que a devolveu ao Senna. Não sei se o amigo Roberto Papa lembra desse detalhe. Na foto acima a esquerda, Senna e Tchê, um mecânico preparador de motores lembrado por todos que passaram pela categoria.
Ayrton Senna - Equipe Gledsom

O automobilismo nessa época era o trampolim para outras categorias, pois muitos pensavam que dali, poderiam pular o muro para o autódromo que era ao lado do kartódromo e continuar na carreira em outras categorias. E foi assim que o ídolo mundial fez. Senna pulou o muro e deu um salto até chegar na F1 onde foi destaque mundial, como outros pilotos como Emerson, Piquet e Barrichello e Raul Boesel.
      De vermelho Carol Figueiredo e em primeiro lugar Dionísio Pastore(morto em 2014)

Beto Papa e Eu continuamos a admirar o automobilismo e também pulamos o muro, só que desta feita, o amigo já havia deixado as pistas do lado do Kartódromo, e juntos, assistimos grandes disputas na Formula V e Super V. 

Papa tinha um amigo que me foi apresentado e que corria na Super V, o paranaense Luiz Moura Brito. Talento não faltava ao curitibano. Jacaré era o apelido do seu mecânico, com quem conversávamos bastante sobre a categoria que encantava todos os adeptos do automobilismo e, nós, estávamos entre eles. Em uma dessas corridas, vimos o carro do Moura Brito pegar fogo, bem próximo da curva 1 de interlagos. Lembro-me bem que Brito chegou aos Boxes assustado, pois demorou alguns segundos para deixar o carro em chamas. Sorte do piloto que nada de mais grave aconteceu.
 Luiz Mora Brito e seu Super V - Bosca

Parece que o gosto pelas corridas me aproximava cada vez mais das pistas. Coincidentemente, o piloto Chiquinho Lameirão, um dos destaques da Fórmula Super V, morava no mesmo prédio que Eu, na rua Albuquerque-Lins 977 - Santa Cecilia. Lameirão foi durante muitos anos piloto das Equipes Motoradio e Holywood. Certa vez, lameirão participou das Mil Milhas e ao terminar a prova, levou de volta a garagem de seu apartamento um Gordini preparado para esse evento. O carro foi motivo de visitação dos vizinhos do Edifício Umuarama.
Chiquinho Lameirão em uma de suas vitórias da Super V 

Domingo era programa certo. Logo cedo partíamos para Interlagos e de lá saíamos já escurecendo, mesmo porque após as corridas, o papo continuava nos boxes. As lembranças não poderiam ser melhores.

Em 1971 eu trabalhava na Rádio Bandeirantes de São Paulo, foi quando a primeira corrida de F1 veio para o Brasil e não era válida para o campeonato mundial.  A Bandeirantes fez essa transmissão e mais uma vez tive a oportunidade de assistir essa estreia da categoria mais admirada do automobilismo, dos Boxes. Conheci pilotos lendários como Grahan Hill(foto), Clay Regazonni, José Carlos Pace, Emerson Fittipaldi, Rene Arnoux e Carlos Reutemann , que acabou vencendo a corrida inaugural. 

Em 1974, ainda na Rádio Bandeirantes, o Copersucar foi apresentado para a imprensa no autódro de Interlagos. E claro, não poderia perder essa tremenda oportunidade. Mais uma vez com credencial da emissora, assisti a apresentação do belo F1, com algumas voltas na pista sob o comando de Wilsinho Fittipaldi.
Wilson Fittipaldi a bordo do Coperçucar de número 30

O tempo passa, e as lembranças ficam na memória. O amigo Beto Papa com quem converso sempre por telefone, tem outras tantas lembranças desse período de nossas vidas. Aliás, eu pedi a ele que me mandasse fotos dessa época.

 Outras Fotos: 

 Ayrton Senna
                                            Alfredo Guarana Menezes e Alex Dias Ribeiro
 
 Chiquinho Lameirão e seu Super V
 Lameirão na Motoradio
 
Belo Super V de Chiquinho lameirão

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