"Marilda Raeli“
Uma delas foi inventada por homens que
amam a precisão dos números, matemáticos, astrônomos, cientistas, técnicos.
Para marcar o tempo de forma precisa eles fabricaram ampulhetas, relógios,
cronômetros, calendários. Nesses artefatos técnicos todos os pedaços do tempo-
segundos, minutos, dias, anos- são feitos de uma mesma substância: números,
entidades matemáticas.
Não há inícios e nem fins, apenas a indiferente sucessão de momentos, que nada dizem sobre alegrias e sofrimentos. Neles a alma não encontra morada.
A outra foi inventada por homens que sabem que a vida não pode ser medida com calendários e relógios. A vida só pode ser marcada com a vida.
Os amantes do "Cânticos dos Cânticos" marcavam o tempo do amor pelos frutos maduros que pendiam das árvores. Quando as folhas dos plátanos ficam amarelas sabemos que o outono chegou. Os ipês rosa e amarelos anunciam o inverno. Os flamboyants vermelhos dizem que é verão. O crepúsculo é o tempo da nostalgia.
A precisão dos números marca o tempo
das máquinas e do dinheiro.
O tempo do amor se marca com a vida.
O tempo do amor se marca com a vida.
A beleza do envelhecimento.
Esta
foto faz parte do acervo do meu projeto fotográfico autoral, sem fins
lucrativos, a beleza do envelhecimento. A retratada desta semana é a eterna
professora, a senhora Marilda Raeli.
Natalia
de Freitas Guerreiro Ferreira é fisioterapeuta e estudante de fotografia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário