quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Com alta do dólar, turismo rural deve crescer em 2016

Brasileiros têm optado por viajar dentro do país e passeios no campo entram na disputa

Por Teresa Raquel Bastos, de São Paulo (SP)

Adeus, pacotes de viagem para o exterior! Com a alta do dólar, ficou mais caro visitar outros países e os turistas brasileiros têm optado por desbravar o Brasil. Entre as opções está o turismo rural, que em 2015 recebeu 35% mais público e deve continuar crescendo em 2016.

  • Mas engana-se quem acha que apenas as cotações da moeda norte-americana influenciam a decisão do roteiro. Para Andréia Roque, diretora do Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural e Equestre (Idestur), os passeios no campo estão na moda. “Hoje há uma busca por qualidade de vida, e turismo rural pode atender a essa demanda. Hoje as pessoas querem viver melhor, e isso pode ser feito em um fim de semana na fazenda, comendo bolo de fubá com café, tirando leite da vaca, banhando de rio. São vários preços, estilos, que encaixam no gosto do brasileiro”.
Este ano, o mercado de turismo rural movimentou R$ 5 milhões em rodadas de negócio, valor significativo para um setor que ainda engatinha, mas pouco para o patamar do turismo em geral. Há uma procura de investidores, especialmente operadoras de viagem que procuram novos mercados.
Legislação

O turismo rural ainda é irregular: a Idestur estima que apenas 10% dos estabelecimentos sejam legais, o que prejudica o desenvolvimento do setor. ”É o maior desafio. Pra formalizar hoje, tem que abrir empresa turística, ter pousada. Ou seja, abrir outra empresa, o que resulta em bitributação. Por isso que os empresários resolveram ser informais”, conta. Há um projeto de lei, a ser votado nas próximas semanas, que se aprovado, o fazendeiro vai poder prestar serviço de turismo com registro agrícola.

Andreia avalia que, no começo, a maioria dos empresários “vai se incomodar pela tributação, mas, por outro lado, vai poder ter acesso a crédito e brigar por melhorias”. Ela lembra que na Copa do Mundo, tais estabelecimentos não puderam ter acesso ao crédito por não serem legais.

  • Com a legalização também devem aumentar os investimentos públicos. Em São Paulo, o governo já deu o primeiro passo. “É uma atividade que pode agregar renda ao nosso produtor. A questão é que o turismo rural precisa de financiamento. Para isso, temos a linha de crédito do Fundo de Expansão da Agropecuária Paulista, que concede financiamento de até R$ 200 mil para o desenvolvimento da atividade”, conta Arnaldo Jardim, secretário de agricultura do Estado de São Paulo. A linha se destina a melhorias na propriedade, como reformas ou construções de instalações de hotelaria, como também melhoramento de trilhas no meio da mata, de um pico que tenha uma vista bonita, entre outros.
Além disso, o fazendeiro não pode optar apenas pela atividade turística. “Uma propriedade rural não vive só de turismo. Mas a atividade muda de patamar empresarial, ajuda mesmo no orçamento”, diz a executiva da Idestur.

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