segunda-feira, 7 de abril de 2014

Professores apostam em técnicas criativas na hora de ensinar


Métodos ganharam as salas de aula do Ensino Médio.
Objetivo é ajudar a memorizar disciplinas complexas.



Do G1 Sorocaba e Jundiaí



Kaka (Foto: Reprodução/TV TEM) 
Na aula do professor Kaka tem música, dança, perucas e fantasias (Foto: Reprodução/TV TEM)
Que tal uma aula de Química sem ter que, simplesmente, decorar a tabela periódica? Antes utilizadas nos cursinhos para ajudar os alunos a memorizar e entender disciplinas complexas, as técnicas criativas de ensino ganharam as salas de aula do Ensino Médio, fazendo do aprender uma tarefa muito mais fácil e prazerosa.
Na hora de passar a matéria de Química para os alunos do primeiro ano, que nunca tiveram contato com o conteúdo, o professor Carlos Alberto Campos precisa inovar durante as aulas em uma escola de Sorocaba (SP). Com o projeto "Kimikando", o educador coloca fórmulas e nomes difíceis de associar no meio de músicas, como o "Xote da Atomística".
As aulas de Química se transformam em uma mistura de sons, danças, perucas e fantasias. Tudo para ter sucesso na tarefa mais difícil do professor de hoje: concorrer com a tecnologia que seduz os jovens. "Em tempos em que todo aluno está com o celular na mão andando para todos os lados, sintonizado e conectado, não dá para continuar apelando para a velha técnica do giz e lousa", confessa.
Os alunos aprovam e, muitas vezes, deixam a vergonha de lado para participar. "A música fica na cabeça. Só de cantar você já estuda sozinho. Está fazendo qualquer coisa e já estudando a matéria", conta a estudante Beatriz Bastida.

Nas entrelinhas do rock
Ficar só na lista de fórmulas também não faz o tipo do professor Emerson Gomes, de uma escola estadual de Iperó (SP). Os conceitos que envolvem o complexo universo da Física também são explicados por meio de músicas.

Emerson (Foto: Reprodução/TV TEM) 
Emerson utiliza letras de música que falam sobre as teorias da Física (Foto: Reprodução/TV TEM)
A tática é usar letras que falem sobre as teorias. E as opções não são poucas. "Diversos artistas, como Black Sabbath, Queen, Genesis, David Bowie, vão trazer os temas relacionados à ciência em suas canções e tudo de uma forma crítica e contextualizada com a sociedade da época. E isso repercute até hoje. Se pegarmos hoje Iron Maiden, Muse, Macedon, são artistas contemporâneos do rock, que reiteram um discurso sobre a ciência", comenta o professor.
Como tem uma banda de rock, a aluna Amanda Humer admite que, desta forma, se interessa muito mais pelas aulas de Física. "Fica bem mais legal e mais fácil de aprender", anima-se.

Física na pele
Música, piadas e experimentos ajudam o professor Carlos Eduardo Guariglia a prender a atenção da garotada em outro colégio de Sorocaba (SP). Dudu, como é chamado carinhosamente, faz os alunos sentirem na pele os experimentos da Física. "Ele quer saber porque o cabelo arrepia, porque não se machuca no banco de pregos. Então, a gente desenvolve a aula em cima de responder isso. Eles sempre vão estar mais atentos, curiosos e prontos para querer aprender sobre aquilo", explica.

O sucesso é garantido entre os alunos. "É bem mais legal aprender assim. Torna a minha aula bem menos chata, acho que todo mundo prefere assim", aprova o estudante Pedro Henrique Botelho.
Dudu (Foto: Reprodução/TV TEM) 
Dudu faz os alunos sentirem na pele os experimentos da ciência (Foto: Reprodução/TV TEM)
Intencionalidade
Mas só a técnica criativa, ressalta o coordenador pedagógico Carlos Eduardo D'Andretta, não vai fazer com que o aluno aprenda. A música e o canto podem, inclusive, distrai-lo. "Essa técnica tem que estar vinculada a uma intencionalidade para que surta efeito. O aluno não tem que ter como foco principal a música que o professor cantou e, sim, a mensagem que está por trás da música para que remeta a esse conhecimento", continua.


O problema é que, para o especialista, cobra-se uma demanda imensa de conteúdo do professor do Ensino Médio e do Pré-Vestibular. "Ele acaba ficando muito preso a essa programação, porque tem que atingir a meta do sucesso."

Como as faculdades de pedagogia ainda não disponibilizam uma disciplina de formação pedagógico-didática de sala de aula, explica Carlos, cabe às escolas detectar seu foco, onde quer atingir o aluno e qual é o perfil dele para, enfim, proporcionar ao professor essa identificação. "E hoje a gente tem muita literatura que trata disso, tem cursos que trazem essas informações", completa.

Fonte: G1 

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