Fábio Fabrini e Andreza Matais | Agência Estado
O ministro José Antonio Dias Toffoli se recusou ontem a detalhar seus ganhos além do salário no Supremo Tribunal Federal (STF), usados, segundo ele, para pagar prestações de dois empréstimos de R$ 1,4 milhão com o Banco Mercantil do Brasil.
O ministro José Antonio Dias Toffoli se recusou ontem a detalhar seus ganhos além do salário no Supremo Tribunal Federal (STF), usados, segundo ele, para pagar prestações de dois empréstimos de R$ 1,4 milhão com o Banco Mercantil do Brasil.
Em resposta a consulta do Estado, a assessoria de Toffoli alegou, em
nota, que "os rendimentos, recursos e o patrimônio do ministro são
aqueles anualmente declarados à Receita Federal, em seu Imposto de
Renda". Mas não divulgou as informações.
Como o Estado revelou ontem, as parcelas dos empréstimos, de R$ 16,7
mil mensais, comprometem 92% dos ganhos de Toffoli no Supremo, de R$
18,2 mil em julho. Segundo o gabinete do ministro, seus rendimentos "não
se resumem aos vencimentos no STF".
Toffoli é relator de processos do Mercantil, que lhe concedeu os dois
empréstimos em 2011. O primeiro, de R$ 931 mil, previa inicialmente
pagamento em 180 parcelas de R$ 13,8 mil mensais; já o segundo, de R$
463,1 mil, em 204 prestações de R$ 6,6 mil.
Na época em que as operações foram contratadas, a soma das parcelas
superava o salário líquido de Toffoli (cerca de R$ 17,5 mil). Em abril
deste ano, após decisões do ministro nos processos, o banco reduziu os
juros dos empréstimos de 1,35% ao mês 1% ao mês, o que reduziu as
prestações para R$ 16,7 mil mensais.
O corte das taxas, considerado atípico até por um dos representantes do
Mercantil, assegurou uma economia de R$ 636 mil no total a ser pago. A
soma das prestações alcança R$ 3,21 milhões.
Segundo o Código do Processo Civil e o Regimento do Supremo, cabe
arguir a suspeição do magistrado, por parcialidade, quando alguma das
partes do processo seja sua credora.
O ministro relata casos do banco desde 2009, mas, mesmo com os
empréstimos, não viu motivos para se afastar. Ontem, ele deixou o
Supremo sem dar entrevistas.
Sem maldade
"Não sei se é conflito de interesse na prática. Se existe isso, não
existe maldade", afirmou ontem o diretor executivo do Mercantil, Paulo
Henrique Brant de Araújo. Segundo ele, os empréstimos "não têm nada a
ver" com os interesses do banco no Supremo, tampouco a redução das
taxas. "Não é a primeira pessoa para a qual o banco poderia emprestar e
que tem um cargo público. Não existe esse tipo de restrição. Se
houvesse, o próprio ministro deveria se manifestar."
O diretor não quis analisar o caso específico de Toffoli, devido ao
sigilo bancário da operação, mas observou que um "bom pagador", com
garantia segura, merece "condições boas, não atípicas". "Não
necessariamente, o banco tem a obrigação de cobrar 4% ao mês", comentou.
A reportagem consultou dois gerentes da agência do Mercantil em
Brasília, que ofereceram, para cliente VIP, nas mesmas condições
financeiras do ministro, empréstimos de no máximo quatro anos e taxas
entre 3% e 4% ao mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Uol
Fonte: Uol
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