JAU
A contagem regressiva para que a Associação Hospitalar Thereza Perlatti, de Jaú, deixe de atender pacientes do SUS já começou. Termina no dia 1º de maio, prazo dado pela direção da entidade para que se resolva a questão do repasse do governo estadual. O hospital admite não ter mais como suportar os sucessivos déficits, que passaram de R$ 1,5 milhão em 2012.
A contagem regressiva para que a Associação Hospitalar Thereza Perlatti, de Jaú, deixe de atender pacientes do SUS já começou. Termina no dia 1º de maio, prazo dado pela direção da entidade para que se resolva a questão do repasse do governo estadual. O hospital admite não ter mais como suportar os sucessivos déficits, que passaram de R$ 1,5 milhão em 2012.
Manifestantes em frente ao hospital
O objetivo é tentar convencer as autoridades de que o hospital não pode
fechar as portas, deixando sem atendimento pacientes de 68 cidades –
hoje, são atendidos 290 pacientes em sistema de internação, além de
outros 60 em programa aberto (Hospital Dia). O hospital possui 350
funcionários e a maioria corre o risco de perder o emprego em caso de
fechamento das portas para o sistema SUS.
A superintendente técnica do Thereza Perlatti, Susana Ragazzi Candido,
considera que repercutiu muito bem o movimento e ajudou a mostrar a
indignação sobre a situação do hospital. Segundo ela, a manifestação
desta terça-feira mostra que o hospital não está parado e que está
empenhado em buscar uma solução.
A direção confia na melhora do repasse pelo SUS – e espera que isso se
concretize -, mas já admite ter de entregar pacientes à Secretaria
Estadual de Saúde para ela resolver o problema a partir de 1º de maio.
Esse será o procedimento em caso de fechamento: devolução dos pacientes
para o Estado.
Sindicato - Diretores do Sindsaúde estiveram na
manifestação realizada pela Associação Hospitalar Thereza Perlatti, de
Jaú. Funcionários, pacientes, familiares, membros da comunidade e até
políticos se manfestaram em defesa da causa. A presidente Edna Alves
demonstrou preocupação com o eventual fechamento do hospital, tendo em
vista o grande número de trabalhadores que podem ser demitidos,
A auxiliar de enfermagem Sandra Monte fez um dos depoimentos mais
enfáticos, destacando que no Thereza Perlatti se faz tratamento de
pessoas com depressão, pessoas com transtorno mental, pessoas que surtam
e precisam ter a crise controlada. “Ficam aqui em tratamento. Em casa a
família não tem como tratar.” A instituição é um hospital e não um
manicômio, destaca. A mudança de sanatório para hospital, segundo ela,
ocorreu a partir de 1994.
Ela analisa que o governo quer acabar com manicômios, mas aqui não é um
manicômio, aqui é um hospital”. Disse que os governantes têm dinheiro
para obras faraônicas para a Copa do Mundo, mas não têm dinheiro para
elevar o repasse por paciente de R$ 43 para R$ 90, que é o valor
necessário para a diária do tratamento. “Dinheiro para a saúde, para
manter o paciente e os empregos não têm”.
Preconceito - O médico psiquiatra Carlos Manoel
Cristóvão falou do preconceito governamental contra hospitais
psiquiátricos e que se fecham hospitais com esse foco sem dar
alternativa para o tratamento dos pacientes. Citou uma pesquisa de um
epideomologista que comprovou que fechamentos de hospitais psiquiátricos
causam mais mortes de pacientes.
Carlos lembrou que os hospitais psiquiátricos nunca conseguiram atender
à demanda e que o fechamento dos atuais, como o Perlatti, provocaria
uma dificuldade ainda maior para os pacientes. Segundo ele, pacientes em
crise precisam de leitos, por isso não tem como não mantê-los
internados.
Para a funcionária Lucila, um dos problemas é que o governo não deu
atenção à solicitação do hospital ao projeto Residência Terapêutica.
Segundo ela, se aprovado, grupos de pacientes hoje residentes na
instituição poderiam morar em casa na comunidade com supervisão da
equipe do hospital. Hoje, diz ela, são 150 pacientes moradores, que
poderiam ser atendidos na própria cidade de Jaú, evitando serem levados a
outras cidades para tratamento.
Em outra manifestação, funcionária da AHTP lembrou que boa parte dos
pacientes internados foram encaminhados para o hospital, por ordem
judicial. E garante que todos são tratados com projetos terapêuticos
para só depois promover a reinserção do paciente na sociedade.
O vereador Ronaldo Formigão (DEM) lembrou que foi a Brasília dias
atrás, onde conversou com o deputado Arnaldo Faria de Sá sobre a
necessidade de se obter mais verbas para o Thereza Perlatti. Também
citou requerimento entregue na Câmara de Jaú para cobrar a formalização
de convênio da Prefeitura com a entidade hospitalar, entre outras
questões, inclusive ao governador do Estado.
O também vereador Fernando Henrique da Silva (PT) discursou, lembrando
que é formado em técnico de enfermagem e que estagiou no hospital hoje
ameaçado de fechamento. Ele manifestou solidariedade a funcionários e
pacientes.
Documento - Segundo requerimento de Formigão, no
exercício de 2011 o déficit foi de R$ R$ 686.992,00. No exercício de
2012 o hospital fechou seu balanço patrimonial com despesas de R$
9.830.431,19 e obteve receitas no valor de R$ 8.312.928,44, atingindo um
déficit anual de R$ 1.517..502,75.
O hospital tem folha mensal de pagamentos e encargos trabalhistas e
social no valor de R$ 611.661,68. E recebe do governo do Estado por meio
do repasse do SUS R$ 569.871,35. Isso posto, o déficit mensal médio é
de R$ 41.790,33. O hospital atende a uma região de 68 municípios.
Matéria de
Paulo César Grange
Paulo César Grange
Um comentário:
A POLITICA DO PÃO E CIRCO , LEVOU A ESTE ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA?
MENOS COPAS, RODEIOS E OUTROS DESPERDÍCIOS?
QUEM NÃO TEM UM -BOM - PLANO DE SAUDE, ESTA "PERDIDO"?
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