Camilla Rigi
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Uma das grandes atrações da virada do ano é a queima de fogos de
artifício. Enquanto para os humanos esse é um momento de espetáculo,
para os animais de estimação pode ser um momento de estresse e perigo,
principalmente se eles ficarem sozinhos em casa. Para evitar ferimentos e
o sofrimento do animal, veterinários ouvidos pelo UOL dão dicas de como garantir a segurança do seu bichinho.
"Os cães, principalmente, têm a audição mais aguçada e, por isso, ouvem
os fogos de uma forma mais ameaçadora. Dependendo do grau de pânico,
eles chegam a quebrar portas e janelas", conta a veterinária Daniela
Ramos, especializada em comportamento animal pela USP (Universidade de
São Paulo). Segundo ela, apesar de também terem excelente audição, os
gatos lidam melhor com o barulho.
A dica, caso os donos saiam na noite de Réveillon, segundo Daniela, é
deixar o cão em um lugar seguro da casa. "O banheiro às vezes, pela
característica da construção e pela tubulação, pode isolar melhor o
barulho. Qualquer que seja este lugar seguro, o dono pode levar a
caminha do cachorro para lá, para ele ter onde se afugentar, além de
água e até uma pequena porção de comida", explica.
Além do risco de se machucarem, é muito comum que os animais tentem
fugir de casa. "Eles correm o risco de serem atropelados e podem correr
por muitos quilômetros dificultando o reencontro depois", diz a
veterinária Keila Regina de Godoy, da PremieR Pet. Para evitar o sumiço
dos animais, ela aconselha manter o pet devidamente identificado com
placa para que possam ser reconhecidos e localizados.
No momento do estresse, cães quando colocados todos juntos podem brigar
e produzir sérios ferimentos. Assim, evite deixá-los juntos
principalmente se já houver histórico de intolerância um com o outro.
Para amenizar o barulho, o dono ainda pode colocar algodão nos ouvidos
do animal para diminuir o impacto do som, porém, não pode esquecer-se de
removê-los.
"Se o dono estiver em casa, pode também fechar portas e janelas para
abafar o som externo, aumentar o volume da TV ou rádio, assim como
fechar as cortinas para o animal não ver o clarão", orienta Daniela. De
acordo com a especialista em comportamento animal, os medicamentos são
necessários em casos extremos, sempre sob a orientação do médico
veterinário. Mas, os melhores resultados são obtidos quando a medicação e
treinamento são utilizados em conjunto, com a terapia iniciada pelo
menos um mês antes do Réveillon para, aos poucos, diminuir a ansiedade
do animal.
Daniela lembra ainda que, caso o animal seja muito medroso, o ideal é
não deixá-lo sozinho. Ao lado do pet, o dono deve se mostrar confiante E
sem medo na hora dos fogos. Outra dica, caso o cão demostre atenção e
interesse, é oferecer-lhe petiscos em uma tentativa de promover a
distração. A comidinha pode estar dentro de brinquedos próprios para
rechear.
"Uma coisa que muita gente não sabe é que os filhotes reagem melhor à
exposição a novos estímulos, inclusive barulhos. Se eles forem
estimulados a brincar ou se recebem algum petisco em dias de fogos, a
situação não fica tão ameaçadora e eles crescem menos medrosos", explica
a especialista em comportamento animal.
A recomendação do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de São Paulo
para amenizar o estresse causado pelo barulho de fogos é passear com os
cães durante o dia para que eles se exercitem e fiquem mais tranquilos à
noite. O CCZ também alerta para o perigo de prender o pet em
correntes, pois o animal pode se enforcar ao tentar fugir.
Gatos
Quanto aos gatos, segundo a veterinária da PremieR pet, é importante
que tenham um local seguro para entrar e se esconder, evitando que
procurem locais de refúgio nos quais possam se machucar. Assim,
disponibilize alguma alternativa dentro do cômodo onde ficarão presos,
como tocas, caixas de papelão ou um armário aberto. Nunca os deixe
soltos pela casa.
Um comentário:
Caso fosse tratado como um cão de estimação?
Vítima de AVC morre depois de viajar 72 km e ter atendimento recusado
Transferido de Matão para São Carlos, SP, pensionista teve que retornar.
Homem foi encaminhado pela Secretaria da Saúde por correr risco de morte.
Um pensionista de 56 anos de Matão (SP) morreu, na tarde desta quinta-feira (27), depois de viajar cerca de 72 quilômetros até a Santa Casa de São Carlos (SP), durante a madrugada, e ter o atendimento recusado. Cícero Hora da Silva teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) na quarta (26) e foi encaminhado para a cidade vizinha pela Secretaria Estadual da Saúde, mas teve que retornar para seu município devido à falta de leitos no local.
O paciente foi transferido ao hospital com o pedido de "vaga zero", recurso previsto no SUS (Sistema Único de Saúde) quando há risco de morte. Em nota, a Secretaria reprovou a atitude da direção do hospital. "É lamentável que a Santa Casa de São Carlos, unidade privada conveniada ao SUS, tenha se recusado a atender um paciente que corria risco de morte. Ao saber da situação, a Central da Regulação da Oferta dos Serviços de Saúde (Cross) imediatamente providenciou vaga para o paciente em Ribeirão Preto".
Segundo Claudecir Hora da Silva, filho do paciente, o pai sofreu um AVC na tarde de quarta-feira, em Matão. “Os médicos do Hospital Carlos Fernando Malzoni nos passaram o estado gravíssimo dele e que ele precisaria de um neurocirurgião. Por volta de 23h50 a gente recebeu a notícia de que ele seria transferido para São Carlos”, diz.
Sem leitos
A UTI do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou em São Carlos por volta da 1h, mas o atendimento não pôde ser feito por causa da falta de leitos no local. Indignada, a família, que chegou ao município por volta das 2h30, foi até a delegacia de plantão para registrar um boletim de ocorrência.
“Isso revolta, estamos abalados e a situação dele não era favorável para ele ficar andando. Meu pai ficou parado aqui em São Carlos duas horas. Tivemos que ir à delegacia, sendo que poderia estar no hospital, sendo tratado, mesmo que em Matão”, reclama Claudecir.
Sem opção, o Samu levou o paciente de volta para Matão. Durante a viagem, Cícero teve duas paradas cardíacas e teve morte cerebral constatada durante a tarde na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital de Matão.
“Eles não tinham a estrutura necessária para tratar o meu pai e disseram que ele não resistiria a uma nova transferência”, conta o filho.
Com a morte, Claudecir disse que pretende entrar na Justiça contra a Santa Casa. "Não por dinheiro, mas para que isso não aconteça com mais ninguém. É revoltante", fala o filho indignado.
Outro lado
O diretor técnico da Santa Casa de São Carlos, Afonso Tadeu Pannacci, alegou falta de estrutura para rejeitar o atendimento ao pensionista. “Quando o Cross nos consultou sobre esse paciente, nós dissemos que não tínhamos vaga de UTI, por isso nós negamos o atendimento. O médico plantonista explicou ao delegado que não tínhamos condições de atender o paciente por falta de estrutura. O paciente estava, provavelmente, precisando de equipamentos para sobreviver e nós não tínhamos, por exemplo, o respirador para socorrê-lo”, justifica.
Segundo Pannacci, o problema é recorrente e ocorre por uma sobrecarga no atendimento e pela falta de investimento. “O dinheiro é finito, os equipamentos são finitos e a população da nossa microrregião mais do que dobrou de um momento para outro, desde que Araraquara deixou de atender pacientes da neurocirurgia”, explica.
Contudo, o filho do paciente discorda da suposta falta de vagas. “Fomos informados que havia vaga em São Carlos. Eu vi na mão do médico o documento mostrando que o hospital que receberia meu pai já estava ciente de todas as informações sobre a saúde dele. Eles não iam deslocar uma unidade de UTI de Matão para outra cidade sem comunicar a Santa Casa”.
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