O
Ministério Público do Estado de São Paulo ajuizou, na última
terça-feira (10) ação civil pública contra a Fundação Visconde de Porto
Seguro em razão do reajuste no valor das mensalidades, considerado
abusivo. Na ação, o promotor Gilberto Nonaka, da Promotoria de Justiça
do Consumidor, pede a concessão de liminar para obrigar a instituição a
adequar, no prazo de 15 dias, o valor das mensalidades escolares com
reajuste máximo de 6,08% em relação ao valor cobrado no ano passado.
A
Fundação é mantenedora do Colégio Visconde de Porto Seguro, que conta
com seis unidades, na Capital e em Valinhos, e tem cerca de 8,3 mil
alunos matriculados. O valor médio da mensalidade cobrada pelo Colégio é
de R$ 1.884,00.
De
acordo com a ação, entre os anos de 2007 e 2012, o Porto Seguro
reajustou suas mensalidades em percentuais que variaram entre 56,39% e
61,17%, muito acima dos percentuais de inflação do período medida por
índices oficiais como o IPC (27,27%), IPCA (28,29%) e IGPM (34,82%).
Somente
em 2012, o reajuste no valor da mensalidade foi de 15,5%, ante 6,5% de
inflação projetada, o que levou mais de 2 mil pais de alunos a
formalizarem reclamação contra o aumento.
De
acordo com o promotor Gilberto Nonaka, “a aquiescência com o índice que
vem sendo utilizado pela fundação, muito superior ao IGPM, impedirá, em
alguns anos, o acesso à educação – direito fundamental assegurado pela
Constituição da República – uma vez que grande parte dos pais de alunos
não conseguirá arcar com seu pagamento”.
Em
inquérito civil instaurado na Promotoria de Justiça do Consumidor, o
Porto Seguro justificou o aumento das mensalidades com base nos salários
dos professores e dos funcionários, nos custos da política de segurança
corporativa “visando a uma efetiva manutenção e conservação do
patrimônio escolar à disposição dos alunos”, no investimento na
qualidade do ensino, na inflação, e na necessidade de adequação da
instituição ao regime de isenção fiscal.
O
MP apurou, no entanto, que houve acréscimo de apenas 0,2% no número
total de profissionais da área pedagógica para cada grupo de 100 alunos,
ao passo que o aumento das mensalidades no mesmo período ocorreu na
ordem de aproximadamente 8%. Verificou, também que, embora a fundação
tenha contratado 89 estagiários, o número de professores foi reduzido de
629 profissionais em 2010 para 605 em 2011. Além disso, “não se
comprovou a consecução efetiva de qualquer política de segurança
corporativa que justificasse o reajuste das mensalidades nos patamares
em que ocorreram”, diz ação.
Já
os custos de operacionalização e consecução das atividades necessárias à
implementação do benefício da isenção fiscal devem ser suportados pela
fundação e não, de forma indireta, pelos pais de alunos, sustenta o
promotor. Para ele, “a majoração das mensalidades escolares impostas
pela Fundação Visconde de Porto Seguro ultrapassam o limite do razoável,
encontrando-se em desproporção com o serviço educacional prestado”.
A
ação pede que, feita a adequação da cobrança das mensalidades com
reajuste máximo de 6,08%, a Justiça ainda condene o Porto Seguro a não
reajustar as mensalidades em patamares superiores ao Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC), sob pena de multa de R$ 10 mil por cobrança
realizada fora dessa condição. Pede, ainda, que a Fundação seja
condenada a indenizar os danos patrimoniais e morais causados aos
consumidores.
A ação foi distribuída à 20ª Vara Cível da Capital e recebeu o nº 583.00.2012.135714-4.
Um comentário:
Ronco,
trata-se de escola particular.
Os pais escolhem a escola por diverso critérios e não são obrigados a manter seus filhos nela.
Se por um acaso determinada escola resolve aprimorar seu nível de ensino, aumentando a oferta de serviços educacionais aos alunos como novos equipamentos, contratando professores com doutorado e mestrado, laboratórios de ponta, como podem se basear no IGP-M para o reajuste.
Se assim for fica congelado o nível de serviços oferecido pela escola pois o índice apenas cobre a variação de custos provocada pela inflação, e olha la.
Então é preciso analisar todos os detalhes para se fazer a crítica.
Creio que o mercado, já que estamos falando de uma escola particular, é quem vai decidir o futuro da empresa.
Décio
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