As queimadas e os cabos elétricos
Estamos entrando no período da safra da cana-de-açúcar, quando intensifica-se a produção de açúcar e álcool. Esse movimento que gera riquezas e alavanca a economia local também é, por outro lado, motivo de preocupação. Além dos riscos ambientais pela queima da cana, focos de incêndio na zona rural podem atingir as Linhas de Transmissão das empresas concessionárias de eletricidade, provocando em alguns casos interrupções do fornecimento para cidades inteiras.
Justamente neste período do ano que se estende de abril até novembro, menos chuvoso, a ocorrência desses incêndios tende a aumentar, crescendo o risco de interrupções no fornecimento de energia elétrica. Nas plantações de cana-de-açúcar, onde a prática de queimar a palha antes da colheita é uma ação comum, esse risco fica ainda mais grave. Na região de Ribeirão Preto a situação não é menos preocupante. Em 2010 foram seis interrupções provocadas por queimadas sob as Linhas de Transmissão.
Muitas vezes apenas o calor das queimadas acaba provocando superaquecimento dos cabos, provocando seu rompimento. Em outras situações, o excessivo calor no ambiente deixa o ar muito ionizado, propiciando a ocorrência de curtos-circuitos que desligam a Linha de Transmissão atingida. Essa situação também é agravada pela fuligem e a palha da cana-de-açúcar. Espalhadas pelo vento, também podem causar transtornos já que esses elementos aquecem o ar, tornando-o mais condutor, aumentando as chances de um curto-circuito na rede.
Outra preocupação em relação às queimadas refere-se à fumaça. O seu excesso no meio ambiente causa um superaquecimento dos cabos, diminuindo a resistência e facilitando o rompimento. Chamas mais baixas oferecem também riscos, porque podem atingir a base das torres de transmissão que, em alguns casos, são de madeira, causando sua queda, ou o aquecimento excessivo dos condutores de energia elétrica, o que também provoca desligamento.
Todos esses riscos podem ser evitados com medidas preventivas na hora da colheita. Embaixo de Linhas de Transmissão é terminantemente proibido provocar queimadas. Interromper a transmissão de eletricidade implica em desligar subestações e prejudicar milhões de pessoas. Imaginem hospitais, escolas, indústrias, estabelecimentos comerciais sem conseguir funcionar plenamente por falta de energia elétrica. As faixas de servidão, que demarcam o traçado das Linhas de Transmissão, precisam ser preservadas. Também não são permitidas construções nessas áreas, instalação de placas e painéis ou outros elementos que possam contribuir para o aumento do risco de queimadas ou acidentes.
O ideal é que haja mais conhecimento em relação a esse tema. Com vigilâncias das empresas envolvidas, mas também com o apoio de toda sociedade para coibir as queimadas. Afinal, todos querem viver com mais qualidade de vida e segurança. É disso que se trata.
Alexandre Chamas Filho
Gerente Regional Nordeste
CPFL Paulista
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