Dourado
Antes de dizer que está cansado e que nada vale a pena, converse um pouco com o Pedro Luiz Dias Aguiar. Pedroca, como é conhecido, acaba de chegar de uma cavalgada que durou 35 dias. O percuso foi pequeno perto do qua já fez no passado. Saiu de São Palo-Capital, atingindo a capital federal em Brasília.
Pedro Luiz Dias de Aguiar
Carinhosamente conhecido por Pedroca, descendente do bandeirante Fernão Dias, paulistano de nascimento e douradense de coração, diz que acha bonito o carinho que as pessoas têm com a chamada terceira idade, mas nega ter chegado a ela mesmo aos 76 anos.
A história do Pedroca tem ligação direta com o campo. Nos anos 50 herdou um bom pedaço de terra, perto de 600 alqueires, mas não parou por aí, adquiriu com outros sócios mais 500 alqueires. A maior parte delas localizadas em Dourado, onde está a Fazenda Bela Vista.
Nessa fazenda, basicamente plantava-se café. Com a crise de 1929, parte do café foi erradicada dando lugar ao algodão. Pedroca lembra com tristeza quando o governo enviava equipe para a erradicação do café. A cada três sacas do produto, uma era queimada. "isso acontecia no vilarejo de Trabiju", diz Pedroca. Hoje, Trabiju é emancipada a município.
Um pouco de café, algodão e o novo investimento: gado leiteiro eram, então, as novas atividades da fazenda. “Chegamos a produzir 1.500 litros de leite por dia com um dos melhores rebanhos da região, diz Pedroca. A Bela Vista foi experimentando de tudo: Arroz irrigado, milho, sorgo, gado de corte
“Com todo o movimentos que tínhamos, a conta nunca fechava no final do mês”, disse
Pedroca. A persistência na área agrícola e pecuária durou até o dia em que hospedou um amigo na sede da propriedade, em 1982. Ouviu do amigo uma sugestão: para que transformasse a Bela Vista em hotel.
Na tentativa de continuar no campo, aceitou a idéia do amigo colocando um pequeno anúncio num jornal de grande circulação. Certo dia ligou o primeiro pretendente que acabou por fechar por telefone sua estada na Bela Vista. “Não tinha estrutura de hotel, o jeito foi ceder o meu quarto, o melhor da casa para o visitante”, relata Pedroca.
Parece que o primeiro hóspede lhe deu sorte. Hoje a estrutura da Bela Vista dispõe 10 chalés e 7 apartamentos que são disputados pelos seus tradicionais clientes que se tornaram seus amigos.
Um sonho que perseguia o fazendeiro de fala mansa e contador de muitos “causos” era um dia percorrer parte do país no lombo de um cavalo. E não é que o convite surgiu? Aos 59 anos, Pedroca juntamente com seu irmão Jorge e seu campeiro José Reis partiram para um grande desafio que foi a cavalga da batizada de “Projeto Brasil 14 mil”, organizada por um amigo, o Sebastião Malheiro.
No lombo de cavalos da raça Manga Larga Marchador, rumaram para o extremo sul do país, Chuí, atingindo o extremo norte, Oiapoque, chegando de volta à São Paulo, amarrandpo a tropa no Parque da Água Branca.
Na partida da capital, Zé Reis ouviu duas mulheres na rua: “São esses os cavaleiros que vão cruzar o país a cavalo? Três velhos que devem estar mijando nas botas. Duvido que consigam sair do Estado... A marcha durou dois anos e 45 dias.
Pedroca completou 60 anos durante a cavalgada. Os três sessentões cumpriram essa façanha que acabou indo parar no Guinness B o o k , livro dos recordes como prova de resistência e esforço
Nesse percurso 1.080 trocas de ferraduras e 60 mil kg de ração foram consumidos pela tropa composta por 6 animais. Os 14 mil km previstos no início do projeto viraram 19.300km, quando os cavaleiros fincaram as bandeiras de São Paulo, do Brasil e de Dourado no Parque de Exposições da Água Branca, em SP, após terem passado por 20 Estados, Distrito Federal e 372 municípios.
Jorge Aguiar não parou por aí, montou no tordilho rumo à Argentina, Buenos Aires, onde percorreu mais 3 mil km.
Quem pensou que o Pedroca fosse pendurar os arreios, enganou-se. Em 2004 Pedroca e Jorge participaram de mais um projeto: “O Caminho do Ouro”. Percorreram 1.650km a cavalo na rota do Bandeirante Anhanguera que saiu para o sertão em busca do ouro, em Goiás. Desta feita o percurso consumiu 60 dias de cavalgada.
“Sempre levei uma vida saudável, bebida só socialmente, nada de farras nem exageros”, diz Pedroca para explicar sua energia e disposição. Hoje, aos 76, Pedroca acorda todos os dias às 5h30, toma seu café e acompanha os hóspedes nas cavalgadas matinais.
Os arreios depois da maratona de 21 mil km, não foram pendurados. Pedroca acaba de chegar do Projeto Tropel Mangalarga. Cavalgaram 1.400km de São Paulo à Brasília.
Perguntei ao Pedroca, o porque dessa cavalgada: "Eu tinha que levar uma placa que encontrei em um ferro velho. Essa placa foi uma homenagem ao JK quando inaugurou um hotel na Ilha do Bananal. Levar de carro não tem graça, levei à cavalo", disse o jovem de 76 anos.
Não espantem se o Pedroca disser que ainda não pendurou as tralhas.
Jornal Agosto/ Blog do Ronco
Texto e Fotos: Ronco
3 comentários:
cavalgar é um a fazer . . . digamos . . .simples , mas o homem que não se diverte com as coisas simples , não se diverte com mais nada , cavalgar é uma união do homem com o animal com o mais puro desfrute da natureza , ao Sr. Pedroca (em especial) e aos demais, meus cumprimentos e saudações , isso é o mais belo exemplo para nós jovens, que na maioria dos dias de hoje não conhecem a verdadeira diversão , respirar ar puro , o silêncio de uma estrada de chão batido , o cheiro da relva , isso traz muito prazer , mais uma vez Parabéns por mais esse feito !
ass Ribeirão Bonitense
Pedroca
Parabens pelo feito e principalmente por divulgar o nome da cidade de Dourado/Sp.
Washington Luiz de Faria.
Fui premiado pela vida, com a honra de conhecer e cavalgar pela Fazenda Bela Vista ao lado do maior cavaleiro e cavalheiro que conheci, o Sr. Pedro Aguiar. Não há palavras que possam descrever a simpatia e a forma como fui recebido e orientado para uma cavalgada que pretendo fazer de São José do Barreiro, SP, para Trindade, GO.
De cavaleiro para cavaleiro, um grande abraço Sr. Pedroca,
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