sábado, 7 de agosto de 2010

In GOTTHAN CITY - Heródoto Barbeiro

Navegando pela Net, e como sempre dou uma passadinha no Blog do jornalista Sergio Barbalho(www.sergiobarbalho.com.), deparei com um texto do também jornalista e professor Heródoto Barbeiro. Assim como Barbalho, passo a apresentar:

Heródoto Barbeiro(foto:Net)


IN GOTTHAM CITY

In Gottham City não tem nem cidadania nem autoridade pública. As pessoas fazem o que querem e o direito de uns não termina onde começam os direitos dos outros. Cada um faz o que quer e tudo é permitido para os espertos, os vivos, os ungidos pela safadeza. Eles jogam as bitucas dos cigarros em qualquer lugar, principalmente na porta dos hospitais, e ninguém se importa quanto tempo ela vai durar na natureza. Ninguém se importa com ela, é um estorvo, uma coisa virtual para ser curtida em um filme em 3 D do Cameron. Nada mais. Jogam as latas de cerveja pelas janelas dos carros e não importam se caem na rua ou em semelhante.

In Gottham city a autoridade de plantão governa de costas para o cidadão. Ele é apenas um detalhe que não merece maior atenção, uma vez que não cobra nada e sofre de uma amnésia constante. Aproveitam-se dela e da preguiça cidadã inerte para deitar e rolar. Eles atribuem a si mesmos a construção de tudo o que existe e ninguém contesta, nem lembra que o dinheiro foi conseguido com o pagamento dos impostos. A autoridade não sofre nenhuma fiscalização, nem mesmo por parte do parlamentares, uma vez que a maioria está ou na gaveta do toma cá dá lá, ou na gaveta das propinas repartidas.

In Gottham City os moradores não se preocupam com o trânsito selvagem. As motos ultrapassam pela direita, a disputa por uma faixa de rolamento é feroz, e empresas espertas se apropriam de espaço público e cobram estacionamento com os seus guarda sóis anunciando vale. Os carros usam e abusam das luzes brancas feéricas, luzes que identificam os jipes ou os carros dos boys, películas escuras como a máscara do super-herói, falso engates na traseira para quebrar os para choques de estranhos e alguns usam e abusam dos potentes sistemas de som.

In Gottham City os governantes transferem as verbas de manutenção da cidade para obras faraônicas, traiçoeiras, prontas na reta final das eleições. Não se preocupam se os bueiros estão ou não limpos, ou se os buracos, pelo menos, mal tapados. Só se preocupam com obras que possam ser vistas nos filetes da campanha. Nada mais. Orçamento participativo é uma obra de ficção, mesmo quando o poder público reúne algumas claques para constar da ata. Os cargos públicos estão abarrotados de parentes, apaziguados, cabos eleitorais, puxa sacos, lambe botas e uma imensa fauna de sangue-sugas do tesouro público. Nada funciona, não há avaliação de desempenho, nem de resultado. Tudo corre a rédea solta lubrificado com o imposto do contribuinte.

In Gottham City os habitantes não separam o lixo, não captam água da chuva, lavam calçadas e postos de gasolina com água potável, não usam a energia solar. Ninguém se importa nem com os copinhos plásticos nem com as sacolinhas dos supermercados. Não há qualquer respeito pelos rios que cortam a cidade e por isso eles foram transformados em grandes esgotos a céu aberto. Não se pede alvará nem para puxadinho nem para a construção de mais uma laje. Vale tudo, só não vale querer mudar alguma coisa. Uma atitude dessas pode render um qualificativo, de tonto, burro, estúpido ou palhaço. O que vale é transitar no acostamento, passar com o farol vermelho, comprar uma moto para andar na calçada, jogar tudo o que for possível na rua.
Socorro!!!!! Chamem o Batman.

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