Diante da matéria veiculada pela EPTV, afiliada da Rede Globo sobre o déficit de policiais civis na região, o Blog do Ronco reprisa a matéria postada em 21/01/2011. Eu pergunto: O que será que mudou de lá para cá????
Delegacia de Dourado funciona movida a boa vontade e amor pela profissão
Prometi que falaria um pouco do que presenciei durante todo o dia de ontem,quinta(20), na Delegacia de Polícia de Dourado. Muito bem, comentei o trabalho excepcional da Polícia Militar. Não poderia deixar de falar da Polícia Civil.
É visível a diferença de estrutura das polícias Militar e Civil. Enquanto a PM têm coordenação de ação e planejamento, visto que Capitães são os comandantes em operações como a deflagrada em Dourado, e segue a hierarquia com os sargentos, cabos e soldados, a Polícia Civil me parece que depende 100% ou perto disso, da boa vontade e a competência individual de cada policial. É a minha percepção.
O que não faltou em hipótese alguma, aos policiais civis que participaram da ocorrência do roubo a banco em Dourado foi empenho e boa vontade.
Imaginem uma situação onde um Civil está mais próximo que o PM de um bandido e os dois procurando o mesmo elemento sem saber onde estão. Não quero aqui entrar no mérito da unificação das polícias, essa conversa é “bola dividida” e poderá render muitos comentários saindo do objetivo desse texto.
Na delegacia de Dourado estava o escrivão Silvio Dictoro. Já ouvi o ditado que diz: Cobrar o escanteio e correr para cabecear, mas na prática nunca tinha visto. Agora já vi! O Silvio é o verdadeiro faz de tudo.
Tomei a liberdade de me sentar em uma cadeira no canto da sala de entrada da delegacia e apreciar a tudo que acontecia. Com todo o tamanho avantajado do Silvio, deve ter levantado e sentado centenas de vezes.
“Chegou mais um”, disse um PM para o Silvio. E lá vai o Silvio para recepcionar o novo hóspede do Estado. Senta em frente ao seu computador e ouve preliminarmente o suspeito. “A algema está apertando”, pergunta Silvio. "Não senhor," responde o suspeito. E continua o enterrogatório.
“O Sr. é o escvrivão”, pergunta a repórter de uma rede de TV. “Sim, sou”,responde Silvio. Era mais uma empresa de notícias procurando informações como tantas outras que passaram pela delegacia.
Silvio atendeu a todos com a mesma presteza. De quando em vez, saia rapidinho da sala para dar uma tragada no cigarro na área de fora da delegacia. Êta vício danado!
Tive o desprazer de conhecer a cozinha da delegacia. Os funcionários que lá trabalham não merecem “aquilo”. Fosse uma cozinha de restaurante, seria fechada pela Polícia e não pela Vigilância Sanitária, tamanho o desrespeito com o ser humano. Sem condições alguma de ser mantida a devida higiene.
Sem contar que para chegar até a cozinha, tem que passar ao lado de um monte de móveis cheirando a mofo. Puro lixo!
Ah, tem também um mini depósito de ferro velho no canto do muro que mas se parece um desmanche de veículos.
Quando chegou minha vez de questionar o Silvio sobre a operação do dia, me acomodei na mesma cadeira que o interrogado, e iniciei a minha tarefa para o Blog do Ronco. Entre uma e outra pergunta, fazia questionamento de ordem pessoal. Então fiquei sabendo que:
O escrivão Silvio executa as seguintes tarefas:
- Elebora os B.O.s
- Cuida do Cartório Central de Diligências
- Dá andamento nos inquéritos
- Fica de plantão de sobre-aviso 365 dias por ano exceto em férias
- Quando realiza flagrante, leva o preso até São Carlos.
Para fechar nossa conversa, a delegacia de Dourado não tem mais Investigador, a última foi transferida. Perguntei se havia estagiário patrocinado pelo município. Ouvi um sonoro NÃO, do Silvio. Os poucos funcionários que prestam serviço na delgacia, o fazem realmente por amor à profissão.
E eu que pensei que no meu ramo, as coisas não iam bem, hein? Tô no céu!
OBS: Os policias civis de Ribeirão Bonito, todos, vieram para ajudar os de Dourado. É a solidariedade e o espírito de amizade e de colaboração que toca essa gente fabulosa, o resto...bem o resto é resto...
2 comentários:
Parabéns, Sr.Escravão.
Segundo nossa legislação, o policial não pode ser contratado para ficar a mercê do "superior hierárquico", deve ser contratado para exercer determinadas atividades de acordo com sua qualificação profissional. E neste atual contexto social, onde a exigência do empregado polivalente é de certa forma um retorno às origens, ao sistema de trabalho dos servos da Idade Média.
Sem Escrivão toda a polícia para.
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