O governo federal deve editar nos próximos dias o decreto que
estabelece a "ficha limpa" na administração pública. O texto está sendo
elaborado desde o início do ano, mas o Palácio do Planalto cobrou
agilidade depois do escândalo de corrupção envolvendo servidores
públicos federais infiltrados numa organização criminosa que vendia
pareceres técnicos, investigados na Operação Porto Seguro. O texto
final, após longas discussões entre os órgãos envolvidos, está na Casa
Civil para subsidiar a decisão da presidente Dilma Rousseff.
O
decreto vai regulamentar as hipóteses de impedimento para posse e
exercício de cargos públicos. As regras deverão ser aplicadas para
funções comissionadas e membros de conselho ou órgão colegiado. Hoje são
mais de 22 mil cargos disponíveis para livre nomeação dos gestores.
Como o jornal O Estado de S. Paulo
mostrou neste domingo (2), Dilma também quer blindar as agências
reguladoras de interferências políticas e evitar que fiquem à mercê de
interesses particulares. A presidente quer profissionalizar autarquias e
filtrar a escolha dos diretores.
A nova legislação deve
seguir os moldes de outras adotadas em âmbito estadual, após o
julgamento da Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal. Não
poderão assumir cargos públicos pessoas que foram privadas de direitos
políticos, que perderam mandato, que foram condenadas pela Justiça
Eleitoral por abuso de poder econômico ou político em decisão transitada
em julgada, além de condenados por crimes contra o sistema financeiro,
tráfico de drogas, contra a vida e dignidade sexual, entre outros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Anticorrupção. A medida faz parte de um esforço de
Dilma de imprimir uma marca de governo anticorrupção. Neste ano, entrou
em vigor a Lei de Acesso à Informação. Em novembro, na 15.ª Conferência
Internacional Anticorrupção, a presidente afirmou que prevenção e
combate à corrupção são prática de Estado. "Nosso governo oferece amplo
respaldo aos órgãos de controle na fiscalização, investigação e na
punição da corrupção e de todos os malfeitos", disse.
Coordenada pela Controladoria-Geral da União, a nova norma foi
elaborada por integrantes do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral
da União (AGU). No domingo, é comemorado o Dia Internacional contra a
Corrupção. Integrantes do governo defendem, como reação política ao
desgaste provocado pela Porto Seguro, a publicação do decreto perto
dessa data.
A CGU deve criar uma equipe responsável por monitorar o cumprimento
do decreto. Os funcionários terão de apresentar documentos que comprovem
que não foram responsabilizados ou condenados pela prática de infração
penal civil ou administrativa nas situações descritas no texto legal.
Estatísticas da PF mostram que só em 2012 75 agentes públicos foram
presos em operações. Já o Cadastro de Expulsões da Administração Federal
(Ceaf), que reúne penalidades aplicadas pelo Poder Executivo, mostram
que 3.207 expulsões foram aplicadas a 2.552 servidores civis, efetivos
ou não, desde 2005.
Fonte: Estadão
Fonte: Estadão
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