quarta-feira, 11 de março de 2015

Escadaria da Lapa - Rio de Janeiro - Vale a pena conhecer

Jorge Selarón foi um chileno nascido em Valparaíso em 1947 que depois de percorrer o mundo por mais de 20 anos estabeleceu-se, em 1990, no Rio de Janeiro, fixando residência próximo à Cinelândia, junto aos primeiros degraus de uma escadaria que leva ao convento de Santa Teresa.

Pintor autodidata, trouxe uma bagagem de pinturas com características muito próprias, de acento tonal marrom e sempre retratando uma mulher grávida, fixação que diz tratar-se de “um problema pessoal”. Ao lado esquerdo a escadaria da Lapa antes de receber os azulejos.

 Escadaria que recebeu azulejos do mundo inteiro e o mosaico foi formado por Selaron
 Nas laterais da escadaria os azulejos estão presentes


Identificou-se depressa com o Rio de Janeiro, adotando alguns padrões de comportamento típicos de boa parte de seus habitantes, como roupas sumárias e um vocabulário ornado por muitas gírias e expressões de baixa extração que não conseguem apagar a impressão principal proporcionada por um jeito acolhedor e simpático.
 
Logo se tornou uma figura conhecida quando decidiu cobrir as escadarias junto à sua residência com quebras de azulejos. Não se trata de escadas como quaisquer outras. Ela tem 215 degraus, 17 lances, 10 descansos e quatro metros de largura! Chama-se ou chamava-se “Escadaria do Convento”, mas sua atitude foi tão marcante que muitos usuários e os cariocas em geral passaram a denominá-la “Escadaria do Selarón”.

O acesso à escadaria se dá por trás da Sala Cecília Meirelles, próximo ao Passeio Público. Nos primeiros degraus, Selarón cuidou de cobrir os espelhos da escada com quebras de azulejos de cores verde, amarelo e azul. “Uma homenagem ao Brasil, minha pátria amada, que adotei depois de conhecer mais de 50 países”, afirma. 

                                                          Morte
O pintor foi encontrado morto na Escadaria do Convento de Santa Teresa na manhã do dia 10 de janeiro de 2013. O corpo queimado do artista estava junto a uma lata de thinner. Um pouco antes, haviam sido ouvidos gritos de socorro e cachorros latindo. Em novembro do ano anterior, Selarón havia denunciado à polícia que vinha sendo ameaçado de morte por um ex-colaborador de seu ateliê, Paulo Sérgio Rabello, que queria obrigá-lo a ceder os rendimentos obtidos com a venda de quadros. Por conta disso, nos últimos meses, ele andava muito triste e vivia trancado em casa.
Em depoimento gravado para um documentário feito em 2010 pelo cineasta Stephano Loyo, o artista havia declarado que a escadaria só ficaria pronta no dia de sua morte, quando ele se tornaria a própria escadaria e, desse modo, se eternizaria

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