Jorge
Selarón foi um chileno nascido em Valparaíso em 1947 que
depois de percorrer o mundo por mais
de 20 anos estabeleceu-se, em 1990, no Rio de Janeiro, fixando
residência próximo à Cinelândia,
junto aos primeiros degraus de uma
escadaria que leva ao convento de Santa Teresa.
Pintor
autodidata, trouxe uma bagagem de pinturas com características
muito próprias, de acento tonal
marrom e sempre retratando uma mulher grávida, fixação que diz tratar-se
de “um problema
pessoal”. Ao lado esquerdo a escadaria da Lapa antes de receber os azulejos.
Escadaria que recebeu azulejos do mundo inteiro e o mosaico foi formado por Selaron
Nas laterais da escadaria os azulejos estão presentes
Identificou-se
depressa com o Rio de Janeiro, adotando alguns
padrões de comportamento típicos de
boa parte de seus habitantes, como roupas sumárias e um vocabulário
ornado por muitas
gírias e expressões de baixa
extração que não conseguem apagar a impressão principal proporcionada
por um jeito acolhedor
e simpático.
Logo
se tornou uma figura conhecida quando decidiu cobrir as
escadarias junto à sua residência
com quebras de azulejos. Não se trata de escadas como quaisquer outras.
Ela tem 215 degraus,
17 lances, 10 descansos e quatro
metros de largura! Chama-se ou chamava-se “Escadaria do Convento”, mas
sua atitude
foi tão marcante que muitos usuários
e os cariocas em geral passaram a denominá-la “Escadaria do Selarón”.
O
acesso à escadaria se dá por trás da Sala Cecília Meirelles,
próximo ao Passeio Público. Nos
primeiros degraus, Selarón cuidou de cobrir os espelhos da escada com
quebras de azulejos
de cores verde, amarelo e azul. “Uma
homenagem ao Brasil, minha pátria amada, que adotei depois de conhecer
mais de
50 países”, afirma.
Morte
O pintor foi encontrado morto na Escadaria do Convento de Santa
Teresa na manhã do dia 10 de janeiro de 2013. O corpo queimado do
artista estava junto a uma lata de thinner.
Um pouco antes, haviam sido ouvidos gritos de socorro e cachorros
latindo. Em novembro do ano anterior, Selarón havia denunciado à polícia
que vinha sendo ameaçado de morte por um ex-colaborador de seu ateliê,
Paulo Sérgio Rabello, que queria obrigá-lo a ceder os rendimentos
obtidos com a venda de quadros. Por conta disso, nos últimos meses, ele
andava muito triste e vivia trancado em casa.
Em depoimento gravado para um documentário feito em 2010 pelo
cineasta Stephano Loyo, o artista havia declarado que a escadaria só
ficaria pronta no dia de sua morte, quando ele se tornaria a própria
escadaria e, desse modo, se eternizaria
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