Fonte: Portal do Dog
Confira abaixo a entrevista :
1. O que é o
luto? O luto é uma reação esperada diante da perda de algo significativo
para o indivíduo, onde estão presentes diversas reações emocionais e
fisiológicas, geralmente repercutindo nos mais diversos âmbitos da vida do
enlutado. De modo geral, pode ser uma experiência bastante dolorosa e
desorganizadora, mas é necessária para a superação da perda, e é fundamental
que durante esta fase o enlutado possa manifestar seus sentimentos como forma
de ir se organizando e se adaptando ás mudanças ocorridas.
2. Quais
sentimentos são comuns em pessoas que experienciam o luto (ex.: culpa, negação,
raiva e depressão). São inúmeros os sentimentos que podem
eclodir diante de uma perda. Há a negação, onde a pessoa tenta evitar o contato
com a perda, não aceitando; há a raiva ou revolta, onde a pessoa se questiona
porque isso aconteceu com ela, se ela merecia, etc.; há saudade e a necessidade
de buscar e recuperar a figura perdida; há o choque, a depressão e
desorganização, culpa, ansiedade, irritabilidade, solidão, desamparo, fadiga,
pode vir também o alívio, etc.
3. Quem procurar nesse momento para
auxiliar na perda? Este auxílio pode vir de um profissional,
grupos de apoio, amigos e familiares.
4. Quando seria
a hora de procurar um profissional. Quando a pessoa sentir
necessidade. Pode ser logo após a perda ou tempos depois. Muitas pessoas só
vêem necessidade de procurar um profissional quando sentem que o seu processo
de luto está muito prolongado ou vem se desenvolvendo de forma “atípica” ou
“patológica”, porém, trabalhar a sua dor pode auxiliar na elaboração da mesma
em qualquer que seja o tempo, mas claro que o quanto antes, melhor.
5. Por que há
tanto preconceito com a dor sofrida na perda de um pet? Muitos escutam “Ah, era
só um cachorro” ou “Compra outro”. Mesmo com o conhecimento de
toda a existência e expressão do vínculo afetivo entre homem e animal, a
sociedade não aceita o pesar causado pela morte de animais de estimação,
minimizando e menosprezando este luto. Há um preconceito em aceitar que alguém
chore pela morte do seu bicho como se fosse por uma pessoa. Sendo assim, estas
pessoas se sentem incompreendidas, muitas vezes suprimindo o seu luto. A morte
de um ente amado é uma das dores mais intensas que o indivíduo pode
experimentar, e os sentimentos causados pela morte de um animal de estimação
podem gerar sofrimento comparável à morte de uma pessoa querida. Há estudos que
apresentam esse paralelo, evidenciando que pessoas ficam tão perturbadas que
são incapazes de realizar suas atividades rotineiras, sentem angustia, choro
fácil e intenso, insônia, outras reações fisiológicas, depressão, etc., reações
comumente encontradas em enlutados pela morte de outras pessoas.
A citação a seguir exemplifica as questões
referentes a este tipo de preconceito: “Toda sociedade possui um conjunto de
normas sociais de comportamento, baseadas na cultura dessa própria sociedade.
Dentre estas regras, estão as referentes ao luto. Elas definem determinados
padrões de comportamento, como, por exemplo, quais são as perdas passiveis de
luto, quem tem legitimidade de enlutar-se e quais os comportamentos adequados
para a vivência dessa realidade. No entanto, essas regras sociais que têm
caráter coletivo podem não corresponder aos valores e sentimentos inerentes aos
integrantes dessa mesma sociedade.”
Carolina Alves de Sousa Lima – Aborto e anencefalia.
6. Existe o grupo de apoio Association for Pet Loss and Bereavement para pessoas que estão em luto pelo pet que morreu. O que você acha dessa iniciativa? Acho fantástica. A postura que devemos ter diante de uma pessoa que sofre a morte do seu animal não tem que ser diferente da que temos perante uma pessoa enlutada pela morte de uma pessoa querida. Essas pessoas estão fragilizadas e precisam de acolhimento e respeito a sua dor. Criar espaços para que elas se expressem, que discutam a vivência do seu luto, é um passo bastante importante, pois esta vivência necessita ser verbalizada e trabalhada. Preparar os profissionais da veterinária também é fundamental, pois são geralmente estas pessoas que acompanham as famílias e todo o processo de morte do animal, e o atendimento necessita ser diferenciado. Tenho conhecimento que existem clínicas veterinárias no Brasil, embora muito restritas, que já contam com serviços especializados de psicologia justamente para trabalhar com proprietários que vivenciam o luto.
6. Existe o grupo de apoio Association for Pet Loss and Bereavement para pessoas que estão em luto pelo pet que morreu. O que você acha dessa iniciativa? Acho fantástica. A postura que devemos ter diante de uma pessoa que sofre a morte do seu animal não tem que ser diferente da que temos perante uma pessoa enlutada pela morte de uma pessoa querida. Essas pessoas estão fragilizadas e precisam de acolhimento e respeito a sua dor. Criar espaços para que elas se expressem, que discutam a vivência do seu luto, é um passo bastante importante, pois esta vivência necessita ser verbalizada e trabalhada. Preparar os profissionais da veterinária também é fundamental, pois são geralmente estas pessoas que acompanham as famílias e todo o processo de morte do animal, e o atendimento necessita ser diferenciado. Tenho conhecimento que existem clínicas veterinárias no Brasil, embora muito restritas, que já contam com serviços especializados de psicologia justamente para trabalhar com proprietários que vivenciam o luto.
7. Em casos de
eutanásia, como lidar com a culpa? A culpa é um sentimento
quase que inerente à prática da eutanásia, mesmo diante de uma doença grave do
animal. É importante que para a elaboração deste sentimento diante dessas
situações, a pessoa possa refletir sobre o que levou à decisão da eutanásia,
como estava a vida do seu animalzinho, que por mais gostoso que seja ter ele ao
seu lado, o animal vinha sentindo dor, sofrimento e total perda da qualidade de
vida, e além disso, que a pessoa fale sobre este sentimento, pois muitas vezes
essa conscientização não é suficiente.
8. Alguns
escolhem ter um novo pet logo após a perda. Essa prática ajuda ou é mais um
subterfúgio para não viver o luto? Pode ajudar ou ser uma fuga
do sofrimento, não existe uma regra para isto, vai depender de cada caso e é
importante analisar qual a verdadeira intenção em ter um novo animal. Ocorre
muitas vezes de “oferecerem” um novo bichinho para a pessoa que perdeu seu
animal, ou ela própria opta por isto, pensando que assim não sofrerá ou sofrerá
menos. Então, se a pessoa vai ou não ter um novo animalzinho, o importante
mesmo é ter consciência que rejeitar ou suprimir o luto não auxilia em sua
elaboração.
9. Qual a
importância de vivenciar o período do luto. Como citei anteriormente,
a experiência do luto é necessária para a superação da perda e para a
reorganização psíquica e social do enlutado, ainda que seja dolorosa e muitas
vezes dilacerante.
10. O que
fazer para amenizar a dor da perda. Se utilizar de mecanismos
para evitar a dor pode complicar o processo de elaboração da perda. O ideal é
que a pessoa possa se expressar e chorar se assim o quiser, pois estas atitudes
podem contribuir para a elaboração da perda. Com o tempo podem ir retomando
suas atividades, sair com amigos e familiares, etc. Se a pessoa não quiser
falar, interagir ou sair de casa, não force, mas se coloque a disposição para
escutá-la e acolhe-la e esteja atento ás suas reações.
Didaticamente falando, mas sabemos que na prática
não é tão linear ou simples assim, as “tarefas” na elaboração do luto são as
seguintes: aceitar a perda, ter consciência do falecimento; expressar seus
sentimentos; tentar se ajustar ás mudanças e retomar suas atividades; guardar
boas lembranças e se permitir fazer planos e olhar para o futuro.
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