terça-feira, 13 de agosto de 2019

Bixiga, o bairro de muitas histórias e da gastronomia italiana

Sergio Ronco
Falar de São Paulo e não mencionar o tradicional bairro "Bela Vista" ou carinhosamente conhecido por BIXIGA, é um pecado mortal.
O tradicional bairro ainda guarda traços da época áurea onde integrantes italianos recém-chegados da Itália, mais precisamente da Calábria e Sicília e com poucos recursos financeiros, foram construindo pequenas moradias.
Visitar o Bixiga para mim é recordar o passado de minha família, pois meus avós maternos moraram durante anos no local. Parte da minha infância passei no Bixiga convivendo com os italianinhos do bairro.
Sempre que sobra tempo quando vou a São Paulo, faço questão de dar uma passada pelas ruas onde vivi bons momentos
Visitar a  Igreja Nossa Senhora Achiropita, é obrigatório. Minha mãe fazia questão de nos levar aos domingos para assistir às missas. Sempre que entro na belíssima igreja,  sinto a presença da dona Wilma Ronco, momento único e verdadeiro.
Bem, e as cantinas italianas? A mais antiga delas, a Capuano continua no mesmo lugar, desde 1907, mais de um século oferecendo o melhor da gastronomia italiana. O Roperto está na 13 de Maio desde 1942, um dos restaurantes mais tradicionais do bairro.
Num desses passeios, visitei o “Seo” Walter Taverna que tanto meus pais e  tios falavam. Taverna é dono da Cantina da Conchetta que tem uma história que se confunde com o próprio bairro do Bixiga. Neto de Sicilianos, com 82 anos(quando o visitei em 2016), hoje com 85, ainda comparece de vez em quando na cantina. A filha Solange é quem está a frente na direção do restaurante. À época de nossa conversa, Walter fez questão de dizer que trabalhava 18 horas por dia.
Quando entrei na cantina avistei um senhor sentado, bem agasalhado usando uma boina típica dos italianos. Logo imaginei  se tratar do "Seo" Walter Taverna. Sentei ao seu lado e a conversa foi fluindo de forma muito agradável, mesmo porque, a narrativa e a história do Bixiga feita pelo Taverna, foi uma verdadeira viagem no tempo.
O pai de Walter foi cozinheiro da Cantina Capuano, daí nasceu o gosto para seguir os ensinamentos do pai. O nome Conchetta foi uma homenagem a uma senhora do bairro.
Os feitos de Walter Taverna estão no livro dos recordes,  fez um bolo de aniversário de São Paulo de 1,5 km, a maior pizza, com 554metros de comprimento  o maior sanduíche, com 600m e o maior bolo com 12 mil kg e repete o feito todos os anos desde 1985.
Quem vai à Cantina Conchetta pode apreciar pratos típicos da culinária italiana, e a sugestão fica por conta do  Fusilli à Calabresa.  O cliente poderá assistir a tradicional tarantela de terça a domingo e mais, a batida de tampas de panelas, tradição até pouco tempo  executada pelo próprio Walter Taverna.  Uma vez eu estava servindo mesas, me desequilibrei e caí. As pessoas ouviram o barulho e riram. Daí tive a ideia de pegar tampas de panela e bater durante a tarantela.  As pessoas até acham que é uma tradição italiana, me fotografam”, disse Taverna.
Taverna gosta tanto do que faz que é dono de duas cantinas, a Conchetta e a Bixiga Amore Mio. Com toda certeza, Walter poderia ser chamado de embaixador do Bixiga, mesmo porque além do trabalho nas cantinas, é o presidente do Centro da Memória do Bixiga.
Outra passagem obrigatória é a Cantina da Família Mancini. Também de nome Walter, o dono faz questão de dizer que não vende comida e sim momentos de felicidade. O local é bem decorado e a impressão é de que verdadeiramente você se encontra em alguma cantina da itália. Dia desses, estivemos com amigos no Família Mancini.
A rua Avanhandava hoje, encontra-se transformada e muito bem decorada em sua extensão. Nela o também famoso restaurante Gigetto já fez muito sucesso, onde funcionou por 44 anos.  Conhecido como a cantina dos artistas, as madrugadas ficaram famosas nessa travessa do Bixiga. 
 A casa foi fundada em 1938 e fazia parte da lista dos restaurantes mais antigos da cidade ao lado dos italianos Carlino (1881) e Capuano (1907), do Sujinho (1921), da pizzaria Castelões (1924), do Rei do Filet (1929) e do francês Freddy (1935). No início de 2016, já em outro endereço, o Gigetto fechou suas portas.
A Padaria dos Italianos
Padaria Basilicata
 A Padaria Basilicata, também na 13 de Maio, é endereço obrigatória para quem quer conhecer o pão mais famoso tipo italiano. Fundada em 1914, por Felipe Ponzio, nascido no sul da itália, na região da Basilicata trouxe para o Brasil, uma receita de pão que se tornaria o mais famoso de São Paulo. Após 105 anos, a receita é exatamente a mesma.

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