terça-feira, 1 de agosto de 2017

Blog do Ronco entrevista a Assessora da Saúde de Ribeirão Bonito - Maria Eliza Alboleia

Maria Eliza Alboleia concedeu entrevista exclusiva ao Blog do Ronco
                            Maria Eliza Alboléia - Assessora da Saúde de Ribeirão Bonito

No dia 6 de julho último o prefeito de Ribeirão Bonito Chiquinho Campaner(PSDB), decretou calamidade pública na área da saúde do município. Em função desse decreto, a administração pública assumiu a direção da Santa Casa de Misericórdia, por intermédio de Intervenção, nomeando como interventora a Assessora da Saúde Maria Eliza Alboléia.

 Maria Eliza se reuniu com o prefeito Campaner colocando algumas exigências para assumir o cargo, o que teria sido aceito pelo prefeito. Dessa forma, a diretoria executiva, que tinha a frente como provedor Marcel Rofeal, foi inteira destituída. Para o prefeito, em gravação na rede social, 90 dias de intervenção seriam necessários para que a entidade pudesse ter uma melhor qualidade e melhoria no atendimento à saúde.  Ainda segundo Campaner, após esse período, a prefeitura devolveria a gestão ao Conselho de Administração da Santa Casa.

Procuramos a Assessora da Saúde Maria Eliza na última sexta(28) que prontamente nos atendeu e nos passou as prioridades que estão sendo colocadas em prática com a nova gestão interventora.

A primeira ação da Assessora da Saúde foi levantar qual o montante da dívida que a entidade tinha com folha de pagamento, fornecedores e impostos. Maria Eliza disse que não havia atraso de pagamentos, mas como a intervenção se deu no dia 6 de julho foi preciso agilizar novos repasses para que não houvesse atraso nos pagamentos.

Feito esse levantamento, chegou-se a um valor que a prefeitura teria que repassar à entidade um valor de R$ 458.345,89. Nesse total estavam incluídos os repasses de subvenção do Sistema Único de Saúde(SUS) de R$ 31.961,82 e a subvenção que mensalmente a prefeitura encaminha à Santa Casa, no valor de R$ 26 mil. No dia 18 de julho último, o prefeito Chiquinho Campaner autorizou o repasse integral dos valores acima mencionado. Ainda nesse total repassado, estão os pagamentos ao contador e ao advogado que prestaram serviços na gestão passada, porém tais pagamentos ainda não teriam sido autorizados pelo prefeito. Segundo Maria Eliza, é uma dívida que a entidade tem com os dois profissionais e que vem fazendo gestão junto ao prefeito para que autorize o mais breve possível à liquidação dessas pendências, que orça em R$ 5 mil, até o dia da rescisão dos dois profissionais ocorrida em 12/07/2017. Destaca-se que o repasse foi feito por meio de contrato de cooperação, de acordo com a Lei 3019, pois o contrato de gestão expirou no último dia 8 de julho. Esse contrato de cooperação tem a finalidade de não paralisar os pagamentos, porém somente poderá vigorar durante 30 dias. A partir de então, terá que ser feito um novo chamamento para uma nova formação de Contrato de Gestão.

Insistentemente perguntamos à Maria Eliza Alboleia se o montante repassado pela prefeitura cobririam realmente todas as despesas, o que foi respondido afirmativamente que sim, apenas ficando de fora uma dívida que a entidade tem com o INSS que orça em aproximadamente R$ 220 mil, que são valores que foram descontados na folha de pagamento de funcionários e não recolhido ao INSS, no período de janeiro a abril de 2017, dentro do contrato de gestão firmado entre a Santa Casa e a prefeitura de Ribeirão Bonito.

Ainda segundo Maria Eliza, não há condições de quitação desse débito com o INSS, pois algumas certidões da entidade estariam vencidas, entre elas, a reativação de status de O.S. – Organização Social, pois a entidade perdeu essa qualificação desde 2014, além do ECAD e CAGED.

Perguntamos à Assessora da Saúde se havia encontrado falta de repasses em anos anteriores, pois muito foi discutido ainda na diretoria anterior, que a prefeitura estaria em débito com a entidade. Maria Elisa disse que a prioridade foi levantar a situação de 2017, pois estava em curso todo o trabalho da Santa Casa e os pagamentos que estavam prestes a vencer, porém deixou claro que mesmo sem ter se debruçado em detalhes de anos anteriores, não encontrou nenhum valor a ser restituído à Santa Casa, dizendo que prova disso, é que a entidade está livre de débitos, senão com o INSS.

Desde que o decreto de intervenção está em vigor, duas funcionárias deixaram seus cargos na enfermaria. Perguntado se haveria dispensas, Maria Eliza disse que provavelmente haverá corte de pelo menos uma enfermeira, pois segundo disse, há ociosidade no setor. Maria Elisa está imprimindo uma nova dinâmica na entidade, aproveitando melhor a capacidade de cada funcionário e delegando novas tarefas, sem o desvio de função, segundo nos informou.

De acordo com Maria Eliza, não foram encontrados documentos que possam justificar a renúncia do antigo provedor da Santa Casa Moacyr Nunes da Silva. Maria Eliza entende que por conta do afastamento por motivo de saúde do provedor Moacyr em 20 de fevereiro, Marcel Rofeal poderia apenas assumir as funções de provedoria por 30 dias, pois segundo a assessora da saúde, não houve ata formalizada e registrada de composição de uma nova diretoria. Maria Eliza disse que a intervenção na saúde foi devidamente comunicada ao Ministério Público e ao juiz da comarca. Até mesmo um TAC – Termo de Ajuste de Conduta, assinado pelo provedor Marcel Rofeal, com o Ministério Público do Trabalho poderá ser discutido e questionado por falta de representatividade legal.

O Ministério Público, antes mesmo do decreto de intervenção, já havia solicitado à Secretaria da Saúde uma relação de documentos, por conta de um Inquérito Civil(I.C) aberto no MP. Nessa ação, o MP notificou o Ministério da Saúde e o DRS – Departamento Regional de Saúde, para que se faça um levantamento dos repasses do SUS para a entidade, via prefeitura. É possível que o MP queira saber os caminhos que percorreram os tais repasses e as datas dos mesmos.

Maria Eliza disse que está empenhada em ajustar as contas da Santa Casa sem prejudicar profissionais e nem o bom andamento dos trabalhos, porém afirmou que haverá contenção em despesas e possíveis cortes em horários dentro do que chamou de “ajustes”, incluindo profissionais médicos. “Vou conversar com todos e expor a situação e mostrar que poderemos efetuar alguns ajustes dentro da realidade do município”, disse Maria Eliza.

A Santa Casa ainda sob a intervenção municipal levantou pagamento realizado para uma funcionária durante 2 meses, que segundo Maria Eliza, está sendo objeto de apontamento de possível irregularidade. “Meu trabalho uma vez aceito, é apontar a realidade que estou encontrando nos seus detalhes e as possíveis irregularidades encontradas. Esse foi o meu compromisso com o prefeito”, disse Maria Eliza.

Medicamentos com distribuição gratuita
Maria Eliza disse que faltam alguns remédios que são distribuídos gratuitamente à população e que o setor de compras da prefeitura está inteirado do problema.

Ambulâncias
Segundo Maria Eliza, as quatro ambulâncias estão operando, após manutenção. Outras duas ambulâncias novas deverão compor a frota, por conta de uma verba aprovado pelo governo do Estado.

PSFs
Atualmente dois PSFS estão em operação no município, sendo que o PSF do bairro Malvinas está atendendo atualmente em meio-período, que logo em breve passará a atender em período integral.

CEM – Centro de Especialidades Médicas
Atualmente atende apenas neurologia e oftalmologia.

Tribunal de Contas do Estado
O TCE esteve em Ribeirão Bonito ontem, segunda(31) em visita específica onde requisitou documentos e informações da área da saúde. Tomou conhecimento dos detalhes da Intervenção, visitou a Santa Casa e esteve reunido com o prefeito Chiquinho Campaner. A visita dourou cerca de 3 horas.

Audiência no MPT
No próximo dia 9 de julho, o MPT convocou audiência para discutir as rescisões com profissionais da saúde.

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