terça-feira, 14 de junho de 2016

Uma pesquisa exclusiva revela: o brasileiro compra animais sem pensar nas implicações, não os castra e os abandona por motivos fúteis

Cachorro Abandonado

MARCOS CORONATO
Cerca de 42% dos donos de cães e gatos no Brasil não castram seus animais. Esse é um dos comportamentos do brasileiro que levam à proliferação descuidada desses animais, a seu consequente abandono, vulnerabilidade a maus-tratos e sofrimento desnecessário. Além disso, a multiplicação descontrolada dos animais aumenta o risco de difusão de doenças entre eles e para seres humanos. A pesquisa Paixão por bichos de estimação foi feita pelo Ibope Inteligência e pelo Instituto Waltham, ligado a fabricantes de ração.

O tema ganha relevância por causa do crescente convívio de bichos estimação com as famílias brasileiras. O IBGE estima que haja ao menos um cão em 30 milhões de domicílios no país, ou 44,3% do total. Há no país 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos domésticos. Essas duas populações vêm se expandindo – a dos cães, cerca de 6% ao ano, e a dos gatos, cerca de 12% ao ano, segundo dois estudos feitos em 2001 e 2009, sob orientação de Ricardo Dias, professor na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). Ele também colaborou com a pesquisa Paixão por bichos de estimação. Amparado nos dados da nova pesquisa, Dias faz um alerta. “Os sinais são preocupantes. Mostram que o brasileiro procura animal de estimação baseado em modismos de raça e tem baixa propensão a tentar manter o animal, diante de mudanças no estilo de vida”, afirma.
Também é razoável supor que parte das pessoas que abandonam um bicho de estimação fez uma tentativa honesta. Parte dessas pessoas começou a se relacionar com o animal por meio de uma iniciativa correta – a adoção. Quem adota um animal e tenta cuidar dele, mas se vê forçado a abandoná-lo por motivos de força maior, fez um esforço para diminuir o problema e não o tornou pior do que já era. Outra parte, ainda, é obrigada a se separar do animal mas consegue entregá-lo a uma nova família, que cuidará bem dele. O número crescente de animais abandonados nas cidades brasileiras, porém, indica que muita gente não se enquadra nesses casos benignos.
PROPENSÃO A ABANDONAR O ANIMAL
Apenas 41% dos donos afirmam que levarão o animal consigo, caso tenham de se mudar. Isso significa que seis em cada dez acham duvidoso que consigam fazer isso. “Existem alguns motivos compreensíveis para deixar um animal”, afirma Dias, da USP. “É o que acontece com quem se vê obrigado a se mudar de um imóvel maior para um menor, ou de uma casa para um apartamento”. Mas a pergunta apresentada na pesquisa não incluía esse tipo de circunstância forçada.
Sobre a experiência de ter um bicho de estimação 37% dos donos de cães, apenas, afirmam “se eu tivesse de me mudar, levaria o meu cão comigo”
44% dos donos de gatos, apenas, afirmam “se eu tivesse de me mudar, levaria o meu gato comigo”

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