Paulo Forte está a frente da Comissão Técnica como médico do Al Qadisiyah. "Quero crescer e me enriquecer como ser humano".
Paulo Forte
O Blog do Ronco no dia 24 de agosto de 2015 publicou uma matéria(aqui) com o ribeirãobonitense Paulo Donizetti Forte, ou carinhosamente Paulinho como é conhecido, filho de Maria de Lourdes Gayoso Forte e Wilson Forte. Na matéria, mostramos o quanto Paulinho evoluiu na carreira que escolheu, a de médico do esporte, ou propriamente dito, do futebol, pois dedicou sua vida toda a esse esporte. Do São Caetano para a Seleção Brasileira, o topo da carreira profissional. Mas Paulinho não parou por aí, sua disposição sempre foi enfrentar novos desafios e agora acaba de aceitar o convite para se transferir para Arabia Saudita onde participa como chefe do Departamento Médico do Al Qadisiyah, time da primeira divisão do futebol Árabe.
O Blog do Ronco trocou e-mails com Paulo Forte que concedeu a entrevista exclusiva a seguir:
Blog do Ronco: Como surgiu o convite para trabalhar nos
Emirados Árabes?
Paulo Forte: No mês de novembro de 2015 eu recebi uma ligação
do técnico Alexandre Gallo, dizendo que um Sheik que patrocinava um clube da
primeira divisão do futebol da Arábia Saudita, havia entrado em contato
com ele dizendo que queria contratar uma comissão técnica com experiências em
clubes de seleção brasileira, dessa forma surgiu o convite, conversamos sobre
as condições, falei com meus filhos e aceitei o convite.
Blog do Ronco: Como foi sua despedida do São Caetano e da
Seleção Brasileira?
Paulo Forte: Essa mudança na minha vida profissional e
pessoal, na verdade, foi muito rápida, não tive muito tempo para despedidas, me
preocupei, em primeiro lugar, comunicar e despedir da minha família, fui a
Ribeirão Bonito falar com meus pais e meus irmãos, fiz uma comunicação à
direção da C.B.F. e me despedi dos atletas do São Caetano e comissão técnica.
Evidentemente que fica um monte de sentimentos, até porque foram 16 anos.
Blog do Ronco: Tem contrato, por quanto tempo?
Paulo Forte: Sim, tenho contrato até maio de 2017
Blog do Ronco: A contratação em termos financeiros, foram
boas?
Paulo Forte: Sim, a proposta em termos financeiros foi muito
boa, comparando com o que se ganha no Brasil. É claro que para sair do Brasil
além, além da satisfação e realização profissional, é preciso ter uma
compensação financeira para garantir uma qualidade de vida para a família.
Blog do Ronco: Exatamente qual o cargo que deverá ocupar?
Paulo Forte: Eu assumi o departamento médico do clube,
portanto fui contratado como médico para cuidar da saúde dos atletas .
Blog do Ronco: Qual a equipe que está trabalhando e a cidade
onde está morando?
Paulo Forte: Eu estou trabalhando em um time chamado Al
Qadisiyah, que fica na bela cidade de Al Kaobar, no interior da Arábia Saudita,
cidade de 900 mil habitantes, banhada pelo mar do Golfo Pérsico, time esse que
disputa o campeonato nacional da Arábia Saudita da primeira divisão.
Blog do Ronco: A sua passagem pelos Emirados Árabes com a
Seleção Sub-17, teve a ver com o convite?
Paulo Forte: De certa forma sim, pois o mundo todo a todo
momento vendo o futebol, e os dirigentes no clube Árabe são grandes
observadores e acompanham as coisas do futebol e viram de perto a boa campanha
da nossa seleção sub-17. Ficaram encantados com o futebol apresentado pela
seleção e isso reforçou o interesse deles por essa comissão técnica comandada
pelo Gallo, na qual eu faço parte. Os Árabes contratam profissionais de outros
países com muito critério para atuar no futebol, não só o trabalho realizado
com a seleção sub-17, mas também analisam o trabalho realizado nos clubes pelos
profissionais. Eles procuram tirar todas as informações possíveis antes da
contratação, são muito exigentes.
Blog do Ronco: Teve a ajuda de alguém para essa
transferência? Ouviu conselhos de amigos e profissionais?
Paulo Forte: A decisão
por trabalhar no futebol Árabe foi tomada após conversa com meus filhos e apoio
de meus pais e irmãos. Eu trabalhei por 15 anos com um preparador físico que
havia passado pelo futebol Árabe por 4 anos, então foi de muito valor as nossas
conversas e conselhos sobre como são as coisas no mundo Árabe. Recebi das pessoas
do futebol e também dos amigos fora do futebol, inúmeros votos de boa sorte, e
aqui estou.
Blog do Ronco: O que mais te influenciou na decisão de deixar
as equipes que vinha trabalhando?
Paulo Forte: O que mais me despertou o desejo de trabalhar
fora do Brasil, foi a vontade de viver outras experiências, dentro da minha
profissão, conhecer talvez outras formas de trabalho e evidentemente a
recompensa financeira, também influenciou na minha opção por sair do Brasil.
Blog do Ronco: Quais as suas preocupações até se firmar no
Oriente Médio?
Paulo Forte: Na verdade são várias as preocupações, me
preocupo em identificar as necessidades dos atletas, em função dos seus hábitos
e costumes, me preocupo em conhecer a administração, o uso dos medicamentos com
segurança. Com calma quero implantar os meus métodos de trabalho, sem criar
nenhum conflito ou impacto cultural. Terei que me adaptar também, a uma série
de diferenças sócios-culturais, que existem, por exemplo: os atletas param de
fazer suas atividades para rezar. Eles rezam 4 vezes por dia. Aqui os treinos
são só no período da tarde, eles rezam às 5 horas da manhã, depois param para
rezar às 12 horas para rezar novamente, então é preciso se adaptar a tudo isso
sem trauma e com muito respeito. Evidentemente que o idioma também é uma
preocupação, embora a maioria dos atletas falam inglês, o que facilita muito,
mas muitos apenas falam o idioma Árabe, embora tem o intérprete 24 horas por
dia à nossa disposição. Uma outra preocupação é conseguir ficar longe da família, eu sou muito apegado
aos meus filhos e será muito difícil para nós, e eles nesse momento não podem
deixar suas atividades no Brasil para virem comigo. Vamos procurar viver o dia
a dia e tentar nos adaptarmos da melhor forma possível para que tudo seja bom
para todos.
Blog do Ronco: Como foi sua chegada e como foi recebido?
Paulo Forte: Uma viagem longa de São Paulo a Riyad(capital),
mas muito confortável. Fomos todos muito bem recebidos no Al Qadisiyah, desde o
funcionário mais simples até o presidente do clube. Os atletas também nos
receberam muito bem, e logo ficamos à vontade para iniciarmos os trabalhos, e
quando a gente faz o que gosta, tudo fica mais fácil
Paulo Forte: Aqui no Al Qadisiyah tem 3 atletas brasileiros, o
Giba, o Joedson e o Vitor Jr que jogou há pouco no Corinthians. Tenho um amigo
também em outro clube daqui que é o Elton, trabalhamos juntos no São Caetano,
mas é velho conhecido por ter jogado um bom tempo no Corinthians e está por aqui há 9 anos, é
um ídolo na Arábia Saudita.
Blog do Ronco: Como está sendo a comunicação, você fala
inglês, se vira bem?
Paulo Forte: Aqui, a
maioria das pessoas falam o idioma Árabe, falam o inglês e me comunico através
do inglês, sem problemas, mas nós temos intérprete que fala árabe, inglês e
português, então não temos nenhum problema.
Blog do Ronco: Qual a sua expectativa de trabalho longe do
Brasil?
Paulo Forte: A expectativa é sempre muito grande em função de
vários fatores, as diferenças culturais são muito grandes, os valores da
sociedade são muito distantes dos nossos. Eu quero aproveitar ao máximo essa
nova experiência de vida por aqui. Viver e aproveitar coisas novas me estimulam
muito. Quero crescer e me enriquecer como ser humano. Os problemas de ordem
médica no futebol, não me preocupam, porque são os mesmos em qualquer lugar do
planeta
Fotos: Divulgação e arquivo pessoal de Paulo Forte.
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