segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Gente Nossa: Domingos Elias

Empresário que já foi bem sucedido nos negócios, hoje, aposentado,  vive em uma área de 12 mil metros quadrados no meio de mais de 20 mil orquídeas.
Domingos Elias

Sergio Ronco
Domingos Elias, no alto dos seus 74 anos não quer olhar para trás e saber que fez muita coisa errada e que poderia estar milionário não fosse a teimosia reconhecida, sabendo que foi o único culpado. “Ronco não culpo ninguém pelas coisas erradas que fiz, eu sou o único culpado, pois tudo tinha que ser da minha maneira, do meu jeito, se tivesse parado no auge, hoje estaria muito melhor financeiramente. Mas não reclamo, estou bem” disse Elias.

Mas é exagero dizer que tudo deu errado na vida do empresário que hoje mora em Ribeirão Bonito e adora viver entre o verde e a privacidade que desfruta em sua chácara.

No ano de 1976, após conhecer Ribeirão Bonito em uma visita com o futuro sogro, Hélio Machado, um dos fundadores da empresa Manaus e que no auge dos negócios chegou a empregar 800 funcionários, Elias gostou da cidade e nela fundou a Domel, indústria que fabricava caldeiras e aquecedores. Os negócios estavam indo de vento em popa e Ribeirão Bonito havia ficado pequena, pois a área de produção na cidade era de apenas 1.200m². Em 1978 a Domel mudou-se para Mogi das Cruzes em uma área de 4.000², mas não demorou muito e também o espaço teve que ser aumentado. O jeito foi instala-se em Mairinque, já em prédio próprio em área industrial de 34.000m². 

De dois engenheiros no inicio dos trabalhos em Ribeirão Bonito, a empresa já contava com 20 engenheiros e 300 funcionários. Além das caldeiras e aquecedores, a indústria se especializou em projetos e construção de estruturas metálicas industriais, que serviam apenas para a indústria automobilística e laboratório alemão.  “Há um fato curioso e interessante disse Elias:  “chegamos a montar a cabine de jateamento da Boeing dos E.U.A, na nossa empresa”.

Tudo ia muito bem até que veio o plano Color. “Nossa empresa era muito bem estruturada até então,  a liberação de recursos através dos bancos ficou escassa e demorava muito. Tínhamos material importado retido nos aeroportos à espera de liberação. Um outro fato, foi a doença de minha esposa que foi agravada e ocupava muito tempo nosso, tive que deixar a empresa nas mãos de empregados. A partir daí os negócios foram piorando até que resolvi vender tudo em 1994”, completou Elias.

Elias nunca deixou Ribeirão Bonito, sempre manteve residência na cidade, inclusive uma área agrícola. Gostou tanto da cidade, que fez várias doações ao município: uma área que hoje abriga o “Recinto de Exposições José Picolo”, outra área onde foi construída uma rua que liga o cemitério ao bairro Malvinas, um trecho próximo ao morro Bom Jesus. ” Sempre fui muito bem tratado pelos prefeitos Buzzá e pelo Rubinho (Rubens Gayoso Junior), Rubinho era como se fosse um irmão” disse Elias emocionado.

Elias separou uma área no alto de Ribeirão Bonito e loteou os terrenos, formando o Jardim Eliana I e Elina II. "Tenho orgulho de ter realizado esse projeto ajudando a população carente adquirir terrenos com preços baixos. Quando olho o bairro povoado, tenho orgulho, disse Domingos Elias.

Elias se aposentou há uns 10 anos e hoje vive cercado de verde em sua chácara no centro da cidade. Seu hobby é cultivar e dar maior atenção às orquídeas que teve início em 1970. Seu orquidário conta com mais de 20 mil orquídeas, mais de 800 espécies e várias delas raras. Sempre que pode participa de exposição e concurso de orquídeas. No currículo de expositor, há vários registros de primeiro lugar.

“Isso é uma loucura, mas deixei de ser louco há um ano, pois já paguei orquídeas caríssimas, hoje não mais”, admite. De acordo com Elias, os laboratórios hoje produzem orquídeas de qualidade, o que acha positivo:  “por que só uns podem ter plantas de qualidade, somos todos iguais, todos merecem o melhor”, disse.

Domingos Elias faz questão de frisar que não é comerciante de orquídeas, segundo informa, é o segundo maior possuidor de orquídeas do Brasil que não é comerciante, ficando atrás apenas do pesquisador e cultivador José Alexandre Martins Maluf.

Em um universo de mais de trinta e cinco mil variedades de  orquídeas, Elias está próximo das mil. E não é só orquídeas que enfeitam sua chácara, quarenta diferentes cores de antúrios são cultivadas em estufas.

“Adoro Ribeirão Bonito, dificilmente saio às ruas, curto muito minha chácara, quase não vou a minha propriedade rural, aqui tenho total liberdade e privacidade”, disse.

Antes de me despedir, fizemos um tour pela chácara, passando pelos vários ambientes ajardinados, decorado com esculturas em ferro feitos pelo próprio Elias. Quando sobra tempo, Elias pinta quadros, sempre com muito verde.


Foi uma tarde de Domingo muito interessante conhecer um pouco da trajetória do homem de negócios prósperos e hoje cultivador de orquídeas em Ribeirão Bonito. 

Orquídeas cultivadas por Domingos Elias
 Fotos: Ronco

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