quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Crônica: Não podemos reclamar...vivemos em uma época de ouro....

 Sergio Ronco
Somente agora que olhamos pelo retrovisor, enxergamos que em  nossa época, era  diferente. Mas era realmente diferente? Era realmente diferente! As brincadeiras eram sadias, não havia tanta corrupção, a droga que aterrorizava o mundo era a maconha. Tenho a impressão que até os bandidos não eram tão perigosos e violentos como os de hoje.

A cuba-libre era a bebida da moda e a luz negra fazia grande sucesso nos bailinhos(eram bailinhos sim , não baladas). Grandes bailes no Círculo Militar. Era possível caminhar durante a noite sem medo de não chegar vivo em casa. A Guarda Civil de São Pauo era respeitada por todos, e o mais importante, eram policiais educados e prestativos com a população. Imagina só: Jogava-se bola em plena rua Albuquerque-Lins, em pleno bairro de Santa Cecília.

A Praça Marechal Deodoro, era limpa, arborizada e aconchegante. As mães levavam seus filhos para lá. A "Casa Whisky", fabricava o melhor sorvete de São Paulo. O Circo Piolim normalmente erguia sua lona bem pertinho dalí. A Igreja Coração de Maria na rua Jaguaribe, era um dos pontos de encontro, onde depois de assistirmos às missas com o Padre Sirena, jogávamos bola na quadra da congregação.

 A lanchonete Pistache da rua Martins Francisco inventava um tal  lanche chamado X-Salada, que delícia! A vitrola eletrônica tocava a base de moedas depositadas no painel central. Os discos eram de vinil.

A bicicleta Monark era a preferida nas pedaladas domingueiras. O almoço do domingo era sagrado! Vamos ao restaurante Papai ou ao Gato Que Ri? Fusquinha 1959 com muito orgulho, lá ia a família Ronco. Dona Wilma ao volante. Mulher dirigindo em São Paulo? Eram poucas, dona Wilma era uma delas. Seu Vicente de passageiro eu e o Pedro Luiz no confortável banco traseiro.

Quantas vezes fomos ao Aeroporto tomar café! Mas que programa hein? Era realmente um bom programa! Avistar os pássaros de prata movidos a hélices era um verdadeiro espetáculo. Passear no centro da cidade era uma alegria. A Casa São Nicolau, dos brinquedos, o Mappin com suas vitrines enfeitadas, a Casa Manon, dos instrumentos musicais, a Tip-Top, das roupas infantis e tantas outras.

Cinemas eram tantos que havia a classificação deles nos principais jornais da cidade com todas as dicas dos filmes. Gostava muito do Mazaropi. Meus pais falavam do "E o Vento Levou". A inauguração do Cine Majestic foi um sucesso, tela maior com som nos quatro quadrantes. Bons tempos da TV Record e o fabuloso Show do Dia 7. E a jovem guarda? Os teatrinho infantis encantavam a todos. Que saudades do Teatro de Arena e do Tio Nico que avisava quando a peça era para nossa idade.

Continuo achando que em nossa época, era diferente! Havia  mais respeito, mais amor, mais educação...cumprimentavá-nos uns aos outros sem receio de que alguém pudesse questionar o porque do cumprimento.
Assistir a um jogo de futebol no Pacaembú era também um programa seguro. Sentar-se ao lado do torcedor adversário era comum, não havia "as organizadas". Entravámos e saíamos pelos mesmos portões. Subíamos a escadaria da rua avaré, lado a lado, sem qualquer problema. 
Nos carnavais, a lança-perfume tinha outra finalidade, o liquido geladinho e perfumado ajudava   na paquera, a cada jato acionado.
As férias escolares eram esperadas com muita ansiedade. Trinta dias na Fazenda Guatapará. O duro era a volta às aulas. Se as notas nos boletins fossem boas, as férias seguintes estariam garantidas. O respeito dos alunos aos professores era algo marcante. Nunca  presenciei um desacato de aluno a qualquer professor. Em épocas festivas, levávamos presentes aos professores, tamanho o carinho e o respeito pelos mesmos.

Tenho muito orgulho de ter vivido esse período mágico, que apesar das dificuldades, soubemos extrair o que a vida nos reservou de bom. Podem chamar de saudosismo ou outra coisa qualquer, que era diferente,  ah...isso era.

Não podemos reclamar, vivemos em uma época de ouro......
Ronco

2 comentários:

Dagmar Blota disse...

Sergio querido,

Que maravilha poder ter "viajado"e ir lá atrás, no "banco de memórias"e reviver um tempo feliz,que infelizmente não volta mais! Eramos felizes e sabíamos!!! Parabéns!

Emilio Minutti disse...

Belos tempos mas o Restaurante Gato que Ri ainda resiste ao tempo.Esta no mesmo endereço e lindo como sempre.