Do Blog do Josias Uol Notícias
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já está em sua casa, no
Rio de Janeiro. Ganhou o direito de trocar a cana dura pela prisão
domiciliar graças ao suor do seu dedo indicador. Chama-se Beatriz
Cattapreta a advogada do delator. Nas palavras da doutora, o
destampatório do seu cliente, mantido em segredo, “é um acontecimento de
grandes proporções.”
O que Beatriz Cattapreta disse, com outras palavras, é que vem aí
mais um grandioso escândalo de corrupção. Ao homologar o acordo que
levou Paulo Roberto a mover os lábios, o ministro Teori Zavascki, do
STF, deu a entender que a encrenca será realmente grande, muito grande,
gigantesca.
“…Há elementos indicativos, a partir dos termos do
depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de
prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de
parlamentares federais”, anotou Teori em seu despacho.
Ao se
referir aos “tribunais superiores” de Brasília assim, no plural, Teori
sinalizou que, além de besuntar ministros e congressistas, que usufruem
do foro do STF, o derramamento de óleo deve engolfar governadores de
Estado, cujo foro é o STJ.
Teori informou, de resto, que há nos
depoimentos de Paulo Roberto Costa indícios de “vantagens econômicas
ilícitas oriundas dos cofres públicos”. Anotou que as vantagens foram
“distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares.” No
português das ruas: rolou uma fe$ta. E o contribuinte entrou com o
bolso.
Procuradores da República e delegados federias sinalizam
que a roubalheira, por grandiosa, não se transformará em ações penais do
dia para a noite. No momento, colhem-se os depoimentos do doleiro
Alberto Youssef. Se ele for tão colaborativo quanto Paulo Roberto,
ficará mais difícil para os ratos colocar a culpa no queijo.
O
maior problema é que a hecatombe só virá depois da eleição. Mantido no
escuro, o eleitorado pode eleger no domingo não os melhores candidatos,
mas uma série de explosões esperando para acontecer —2015 tornou-se um
ano velho antes de nascer.
As delações da Petrobras produziram na
sucessão presidencial um fenômeno inusitado: Dilma Rousseff, a candidata
oficial, fala mais de corrupção do que seus antagonistas Aécio Neves e
Marina Silva. A presidente sustenta na sua propaganda eleitoral que
nunca se combateu tanto a corrupção como nos governos petistas. E não
será o repórter que irá discutir com uma perita no assunto. Quem já
viveu o mensalão e está prestes a encarar o petrolão deve saber o que diz.
Um comentário:
Mais uma vez veremos um teatro de defesas embasadas no sempre protetor foro privilegiado. Nossas autoridades deitam e rolam nas benesses do poder, movidas por uma ganância patológica e perpetuadas pela ignorância do povo simples tratado a base de pseudos benefícios sociais.
A sociedade dita esclarecida, perplexa, atônita com tudo isso, vai levando sua vidinha sem reagir.
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